segunda-feira, 30 de julho de 2012

Jovem Guarda , Família Trapo histórias na Record


Em 1986, voltando de Belo Horizonte para a Record ainda dos Machado de Carvalho, comecei a ter a minha primeira experiência em vendas de publicidade em São Paulo. Ficara quatro anos em BH, na Globo Minas, numa equipe que fez coisas incríveis e de repercussão nacional, como os enduros da Independência e da Liberdade, existentes até hoje, e a alavancagem do grupo mineiro de moda, que até hoje tem a Arezzo, Cedro Cachoeira e a Vide Bula, entre outros bons nomes do país.
Chegando à TV Record São Paulo em julho de 1986, tinha como meu gerente o Ricardo Cury (o Minhoca), o Ivandir Kotait na direção comercial o Alfredinho Machado de Carvalho no mkt e o Jair, também como gerente comercial.
A equipe era pequena e ainda estavam lá uns remanescentes da formosíssima turma que vendeu Jovem Guarda, Circo do Arrelia e Família Trapo, o Dilo e a Lita. Eu vinha para o lugar do Ramon, que havia se aposentado.
O Dilo e a Lita eram dois lordes, muito educados e sempre muito bem apresentados, tinham as melhores carteiras de contatos e faturavam ainda muito bem.
Meu primeiro dia de trabalho foi numa segunda-feira e como era início do mês, o Jair tinha a tarefa de entregar as reservas que já haviam chegado do mercado e, é lógico, todos receberam seus mapas e autorizações de suas aberturas de mês ainda éramos da era manual na Record é lógico. Como não recebi nenhum, achei que era porque estava chegando naquele dia, mas, na verdade, quando perguntei ao Minhoca,  meu gerente, ele deu a má notícia: não havia reserva nenhuma e minha meta era igual à dos outros do meu grupo.
As coisas iam ser difíceis, vindo com dois filhos de mala e cuia para minha cidade. Fui à luta. Lembro-me de uma força que o Edson Shinohaha me deu na JWT e do Wellington Barros. Como antes de ir para BH eu era assistente na Globo e atendia bem as coisas da JWT e em todas as agencias tinha um bom relacionamento, eles reuniram a mídia toda e me enturmaram com quem eu não conhecia. Lembro-me do João, Almir, Rato e Amauri Iori. Até a recepção fazia a mídia atender todo mundo.
Minhas primeiras reservas foram da Alice Orlando, na época na Norton e hoje na AGEISOBAR. Mandou-me uns mapas para o interior de São Paulo – tinha uma boa cobertura a Record no SP2(interior de SP) era um  cliente agrícola (acho que a Quimio) – e eu fiz uma festa enorme na agência. Conversamos sobre isso dias depois, mas ela não entendeu na hora. Era tão pouco dinheiro e eu tão empolgado, foi minha primeira venda em São Paulo ou melhor alguém havia me comprado.
Em cinco meses já batia minha meta. Lembro-me de que o Marcelo Assumpção, hoje diretor nacional comercial da Globo, era contato e fez um trabalho lindo no mercado imobiliário ,pois ele até ali só anunciava em jornal. Tinha no ar na Globo todas as imobiliárias e construtores e nós na Record, nenhum .
O Ricardo Cury deu uma missão à equipe, teríamos que ter alguém no ar e lá fui eu visitar, e nada, reunião após reunião! Um dia, vejo na Globo uma tal de Varella Imóveis e Construtora. O escritório era em Moema, e fui lá sem marcar.
Quando falei em Record, a secretária já me rifou para o outro dia. Eu ainda jovem e com gás total, perguntei se o seu Varella estava lá. Ela me disse que o Mercedes no estacionamento era dele.
Voltei para a emissora e no dia seguinte armei uma prontidão na frente do carro do seu Varella. Passei a manhã inteira e almocei na padaria em frente.  Umas três da tarde um jovem senhor se aproxima do Mercedes, e lá vou eu abordar aquele empresário. Só tinha um tiro: o futebol da Record com o Sílvio Luiz. Dávamos sete pontos e eu sabia que se vendesse não decepcionaria o cliente.
Ele me atendeu meio de olho virado, mas me mandou estar no outro dia às 8h da manhã, achando que eu não chegaria. Apareci no horário e já me dei bem, pois ele se atrasou mais de uma hora e para quem tinha ficado praticamente dois dias lá uma hora não era nada.
Quando o homem chegou, apresentei o futebol na recepção mesmo, nem sentamos e ele adorou o preço que, perto da Globo, era um troco.
Fechamos um dinheiro que era minha meta mensal por três meses; o Ricardo e o Ivandir  ficaram contentíssimos, e eu também.
Uma semana depois, tinha marcado na Leo Burnet com o Oscar Osawa, logo depois do almoço. Dormi na recepção e quem me acordou foi o Jony Brito, do Jornal do Brasil, que em poucos minutos me contratou.
O Minhoca ficou bravo comigo, mas passei uns quatro a cinco meses  com o dinheiro do aluguel no líquido do holerite. Sorte que um Big Mac custava R$ 1,00 e muitas vezes era meu almoço (rsrsrs...).
O bom dessa história foi que aprendi bastante com o senhor e a senhora que venderam a Jovem Guarda e ainda os vi anos com suas pastas nas agências e clientes sem a menor prepotência e com a satisfação de terem sido contatos por cinquenta anos.