Comento bastante sobre minhas aventuras nos diversos canais de televisão em que trabalhei, que construí e modifiquei.
Televisão, na minha opinião, hoje é qualquer espaço em que
exibimos audiovisuais, na empena de um edifício, no celular, no laptop, no
aparelho de televisão, na grade de TV paga, no videogame, em sites e em uma
infinidade de opções de lugares.
Num país como o Brasil, ela ainda brilhará durante muito
tempo nas suas mais diferentes formas e formatos, canais e lugares, e é fácil
de explicar: somos um país continental com a população em diversas camadas
sociais, quase, a grosso modo, 1/3 em cada uma, por exemplo, 1/3 vive como se
vive na Europa e EUA, 1/3 vive como se vive em países do terceiro mundo e o 1/3
restante não vive e passa a vida como se morasse nos países mais miseráveis do
mundo, como na África, Haiti e muitos outros mundo afora.
Essa imensa legião de cidadãos vive nesse mundo disforme,
vive conforme vivem seus bons e maus exemplos.
Salvo exceções, vivemos três partes distintas num país
colossal e isso é nítido num veículo, aparelho ,que já foi o responsável por homogeneizar uma cultura. Já nossa sociedade é formada por castas quase
que como na Índia, onde praticamente não se atravessam limites, os cidadãos
compõem cada uma delas quase que do início ao fim da vida.
Com isso posto, dá para entender como o termo “televisão”
ainda perdura forte para, pelo menos, 140 milhões de brasileiros no século 21,
em 2021, no topo da era digital e da hipermodernidade, um aparelho quase que
obsoleto no primeiro mundo.
Já há tempos falo que a TV vai viver transformações enormes
e isso vem acontecendo nos nossos moldes e possibilidades.
A TV aberta perdeu, em 15 anos, 50% de sua audiência, e a TV
paga, em 5 anos, 30% de seus assinantes e consequentemente de audiência.
Do ponto de vista do faturamento publicitário, a queda foi
muito mais vertiginosa. Em 7 anos, perdeu 50% de suas receitas – é bem
interessante ressaltar o advento digital, redes sociais, Google e Youtube
levaram e levarão bastante ainda.
E não posso me esquecer que esses dois anos de pandemia e
uma militância de direita que dividiu o país, com o aparecimento de vieses
jornalísticos , fizeram surgir dois candidatos a investir dinheiro numa
nomenclatura ultrapassada chamada “TV”. Lembrem-se das diversas formas de nos
referirmos à TV.
E não é que surge a CNN, parecendo ser de direita, e enganou
a todos. Não é que ela vendeu que seria. Eu que procuro notícias nunca a
procurei no laptop em consulta ao Google, YouTube ou qualquer lugar. Começou
bem comercialmente com a força de uma equipe conhecida e com pedigree e logo (
menos que uma pandemia ) foi se esfacelando e dando passagem a outros
personagens tanto no editorial como no comercial e MKT.
Pensem que a líder ( GloboNews entre todas as pagas) nas
últimas pesquisas fiz ao ranking deTV
paga é a maior concorrente da CNN Brasil , e sua audiência varia de 0,25 a 0,69
pontos, ou melhor um quarto de 1 ponto e pouco mais que metade de uma ponto. E
se podemos aferir, a líder está em todas as operadoras por assinatura e a
concorrente (CNN Brasil) hoje é a 15ª
colocada com uma audiência entre 0,08 a 0,22 pontos, perto de 11 vezes menos
que 1 ponto e pouco menos de um quarto e 1 ponto, e espero esteja em todas as
operadoras de assinatura.
E só para fazer uma comparação entre campos distintos uma
rede como a Band deve faturar perto de
R$ 400 milhões ano ,com média de 2 pontos e uma cobertura perfeita
nacional com quase 97 % do país. Gostaria de saber quanto custa colocar uma
emissora com 100% de sua grade de jornalismo no ar, e quanto os donos pretendem
faturar.
Ah, e minha pérola
daqui a uns dias: vem aí a TV Jovem Pan. Pelo que sei dessa vez fez um caminho
interessante, começou na produção de conteúdo audiovisual para disputar espaço
nas redes sociais e agora batiza sua segunda aventura tele jornalística de
oposição a tudo que se apresenta hoje nas grades televisivas/alternativas no País.
Precisamos ver se o malfadado dinheiro que hoje existe no
mercado anunciante dá para ser dividido com tantas opções, vai fazer chover no
investimento desses dois novos “CANAIS” que foram inaugurados na pandemia.
O governo atual não vai bancar , enxergo que essa era a
aposta da CNN Brasil e não aconteceu, e duvido a TV Jovem Pan vai ser agraciada com verbas superiores a suas
audiências, sem estar nas principais
operadoras de TV por assinatura ,lógico que na estreia virão os incautos e os
amigos apoiarão.
Acredito que fizeram estudos sobre o quanto vai valer seu
investimento e um tempo de retorno, sabendo é lógico que uma rádio não banca
uma TV.
Existem inúmeros espaços a serem comercializados que jamais
irão afetar a credibilidade de um jornalismo com pedigree , desde que a empresa
inteira fale a língua que sobreviver com dignidade é a primeira opção a ser
alcançada.
Posso dizer que estou sempre na torcida por novos
investimentos no mercado de conteúdo e sempre vejo caminhos a seguir e para viabilizar
projetos novos. Hoje o comercial e o editorial dividem espaço na grade de
programação e quem tiver o feeling de saber equilibrar esses pratos chega com
folga a suas metas e pagará suas contas.
Brasil, 2020-2021.