domingo, 21 de julho de 2013

Deu 4 com o maníaco do parque .UHF


 O titulo desta crônica é sensacionalista como a própria história que vou contar. Na minha opinião, é um marco nos programas jornalísticos com este gênero  Datena de ser .
Era 1998, um sábado pela manhã, toca meu telefone às 7 horas e do outro lado da linha o Ricardo Kostscho, nosso diretor de Jornalismo, avisa que pegaram o assassino em série que atormentava São Paulo. “Vamos colocar nossa força toda neste caso e nosso Canal 21 UHF vai ficar o dia todo roendo este assunto. Tem como você vir também para a emissora? Vamos cortar os breaks e com você aqui é mais seguro”, disse ele.
É bom lembrar que até aquele momento não dávamos ponto algum no Ibope. Tínhamos comprado um estudo e trocamos pelo tal de Saturno, na época recém-lançado, que já mudou de nome diversas vezes e hoje se chama Mídia Word ou Word Midia.  Ele começou as medições da TV a cabo e UHF no Brasil e, me lembro bem, quase perdi a amizade com o Flavio Ferrari, na época diretor do Ibope, de tanto que discutimos, mas, no final, me dei bem acabei ficando com os dois estudos, uma regalia oferecida pelo Flavio e equipe.
Mas vamos lá! A imprensa escrita, no sábado, já saiu com diversas páginas,e com as descobertas de onde ele desovava suas reféns –  no parque, perto ali da Imigrantes .
Quando todos pensam na autoridade jornalística Ricardo Kostscho, jamais imaginam que esse gênero grotesco de jornalismo foi criado pelo grande e cheio de ideias. Já estive com o Ricardo em congressos e eventos sobre comunicação e ele dá autografo como artista da Globo, meu amigo (rsrsrs...)!
A cobertura do Canal 21 sobre o serial killer foi um sucesso. A adrenalina junto ao Ibope foi maior ainda. Pela primeira e única vez vi o people meter na linha do 21 pontuando o dia todo, e, ainda mais, chegamos por diversas vezes a 4 pontos de audiência, uma façanha!
A partir dali, descobri as dificuldades de um canal em UHF pontuar no Ibope – e na época só existiam nós e a MTV. Hoje, são dezenas deles em qualquer cidade .
Nenhum UHF mais pontua. Além das VHFs, temos centenas de canais a cabo e a internet, que já levou muita de nossa audiência de TV.
Naquele dia exibimos um break de hora em hora e a astúcia e oportunismo do nosso jornalismo demonstraram para todos nós as dificuldades que teríamos pela frente. Demos um show e só chegamos algumas vezes a 4 pontos.
Melhor de tudo isso é falar do Ricardo, que inventou esse sensacionalismo em nosso telejornalismo, ou somente falar da equipe que conduziu aquele momento em um fato histórico de um canal UHF, pontuando como uma VHF, ou quase.
Poucos nos viram naquela época o boom dos aparelhos com UHF, já embutidos na TV, que só ocorreu em 2000, quando o Brasil vendeu pela primeira vez 10 milhões de aparelhos em um ano.

Há tempos não vejo o Kostscho, e sempre o incluo como uma personalidade brasileira e um criativo mor no jornalismo neste país.

Hoje vejo sempre na TV diversos focas apresentadores, que começaram ali e hoje estão nos grandes canais, e posso dizer sem cerimônia que grande escola foi aquela UHF em minha vida!