quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Caiu da rede era peixe! Agora é on-demand.


Há cerca de uns 20 dias, em reunião on-line com o executivo responsável pela operadora de TV paga de um dos maiores grupos de comunicação do País, descobri ser verdade que de 2018 para cá o número de assinantes caiu de mais de 20 milhões (20.000.000) de domicílios para pouco mais de 13,7 milhões em 2022 e, com uma grave ressalva, os assinantes ininterruptamente tentam negociar para baixo o valor de suas assinaturas.

Dezoito anos antes, em um congresso de TV paga, em Florianópolis – dei uma palestra no Congresso Brasileiro de Pay TVs, convidado pela Associação Brasileira de Televisão Universitária –, quando o secretário nacional do setor palestrou, a discrepância era de perto de 2 milhões do número dele e o do mercado, que era de cerca de 5 milhões, e a plateia suspirava a cada enxadada errada discursada em cima do palco do teatro da universidade federal de Floripa. Esse é um dos motivos dos quais ainda suspeitava de tal derrocada. Há tempos atrás, era nítida a sonegação de impostos ou o velho golpe de mentir nas circulações (revistas faziam isso) para captar mais recursos no mercado publicitário. Não dava para distinguir qual era o truque da época, mas que tinha um truque era óbvio.

Podemos pôr a culpa em que quisermos, na economia, nos jovens, mas a grande janela que se abriu, ou se fechou, são as diversas formas de se assistir a audiovisuais, se entreter com videogames e a infinidade de exposição de conteúdo, que levou os consumidores a outras praias, antes inexistentes.

Fico aqui pensando no tamanho do dinheiro movimentado de uma janela para outra em pouco tempo, numa indústria que paga tecnologia em dólar.

O mais importante a se registrar é o tempo em que isso ocorreu. Antes qualquer mudança durava 10 anos, 20 anos. Hoje, em 2 anos, muda-se tudo.

Bilhões são arremessados às moscas, em equipamentos obsoletos, formação e treinamentos de pessoal, ideias que gastam sem sair das telas de computador.

Muito se fala em engenharia reversa para a indústria de foguetes, mas sem computadores e os apps ela não funciona, e os computadores é que fazem da comunicação a forma de entretenimento do momento.

Logo, logo, encontraremos elos perdidos em todos os lugares, inclusive, ao abrirmos o refrigerador com a tão falada internet das coisas e nos depararmos com a realidade aumentada do que hoje chamamos de peixe grande (on-demand), que rouba a cena neste atabalhoado mundo sem fronteiras que não espera mais nada.   

São Paulo, agosto de 2022.

terça-feira, 19 de julho de 2022

A publicidade nunca vai acabar, muito pelo contrário.

 Cada dia que passa, os breaks comercias têm ficado menores e quem ainda não descobriu que o público não se incomoda em ver coisas bem articuladas dentro do editorial vai conhecer derrotas e derrotas.

Sempre lembro da TV Gazeta da década de 90 quando falo desse assunto, nossos carros-chefes na programação eram os programas “Mulheres” e “Mesa Redonda”, que eram  recheados de testemunhais e merchandisings. E numa das minhas três saídas da emissora, o diretor que me substituiu resolveu determinar um número máximo de 20 por dia, tínhamos até 50 nos meus momentos de diretor.

Moral da história: o programa que dava quatro pontos de audiência no Ibope, em pouco tempo, apresentou um ponto, e o outro caiu de cinco para dois.

Quem se deu bem foi a Ana Maria Braga que na época tinha seu programa na Record dando traço e com a debandada dos clientes da Gazeta SP, os recebeu e quadruplicou sua audiência.   

O rei do telemarketing na época e nosso maior anunciante dizia que as mulheres faziam a xepa na feira para economizar uma graninha e comprar coisas por telefone e receber em casa pelos Correios.

Mas, voltando ao nosso assunto, hoje o Faustão come o Panetonne e, em breve, o William Bonner, ou quem o substituir, comerá também. A Rede Globo já tem hoje gente que vende espaços dentro de seus telejornais. Ah, é amiga minha, inclusive.

Em 2012, apresentei ao presidente da FAAP, uma das principais faculdades de Comunicação do País, um projeto que sugeria que todos os cursos deveriam ter a oportunidade de ensinar matérias que habilitassem o aluno em publicidade, podia até ser extracurricular. O presidente adorou, já o dono da cadeira de Comunicação quase me matou na hora – mas, matou depois.

Eu ia contra o marasmo que era o curso dele e aquilo iria dar trabalho, o que ele certamente não queria.

A publicidade continua sendo a alma do negócio, vejam Google, Facebook, Youtube entre outros, que desavergonhadamente colocam mensagens de vendas a torto e à direita a nossa frente o dia todo. O OOH já faz isso a tempos, jornais salvo o The New York Times com seus mais de 8 milhões de assinantes não se reinventaram, já os brasileiros um outro texto longo, e as rádios um dia vão chegar nisso, elas são rápidas.

Metaverso, realidade aumentada, transmidia, segmentações ao extremo e quem sabe lá os alienígenas prometem coisas do outro mundo. 

Bendita publicidade venha a nós, que estamos todos esperando seus próximos passos e consumir.

São Paulo julho 2022