Todos acham que o mercado publicitário sempre foi um mar de
rosas em qualidade de vida e muito dinheiro posso dizer que tive os dois casos
em minha vida profissional , já os de pressão e pouco dinheiro foram difíceis
mas tão engraçados e divertidos quanto .
Esta história teve seu começo em 1993 – para ser mais preciso,
em 23 de abril de 1993 –,quando fui contratado pela TV Gazeta de São Paulo para
montar o comercial da nova rede da qual iríamos
fazer parte, a CNT-Gazeta, sociedade
entre a rede OM de TV, da família Martinês de Curitiba, e a Fundação Casper
Líbero de São Paulo .
A denominação nova era uma exigência minha, pois estávamos
com muitos problemas com a dissolução da rede OM – uma parte, pois ela fazia
parte do espólio Collor; a outra eram as triplicatas emitidas da Lever a outros
clientes menores (rsrsrsrs...), que se
confundiam nas agências e clientes com as emitidas na mesma época pela rede Manchete.
Coincidência ou não, tínhamos apenas sete emissoras no ar e a confusão das
triplicatas só eu e os financeiros das agências da época sabemos como arrumamos.
Não posso deixar de lado o Claudio Carramacho, que foi um ótimo parceiro nas
confusões das triplicatas na Fundação.
Uma das estratégias para se ter uma boa equipe foi pagar uma
comissão alta, mas era preciso faturar. E lá fomos nós ao mercado com um
discurso fabuloso que eram as audiências que a união antiga da Gazeta com a OM
tinham dado nas transmissões da Libertadores da América com o Galvão Bueno, e a
sorte que tivemos com a vinda do Clodovil e do Hélio Sileman que segurava o moço em um programa diário, de segunda a sexta,
das 22h às 23h30min, que emplacava quatro pontos de audiência e já vinha com o
patrocínio das cafeteiras Wallita ( mais oi menos assim rsrsrsr), na época do
poderoso Ricardo Adans, diretor e depois VP de Marketing, um craque.
Éramos doze contatos, eu e o Carramacho, que às vezes dava
uns pequenos probleminhas (rsrsrsrs...), mas sempre foi parceiro da equipe.
Uma de suas estratégias foi fazer a equipe chegar
diariamente às 8h da manhã para uma reunião no oitavo andar na sala Casper Líbero,
que ficava ao lado da administração da Fundação e do RH, cujo pessoal só chegava
às 9h, mas via a equipe comercial trabalhando todos os dias uma hora antes. Isso
nos ajudou bastante, ninguém falava que éramos folgados e sim uns workaholics.
As instalações eram um horror e aos poucos, com grana na casa,
fomos também fazendo a cabeça dos diretores e a Fundação foi melhorando sua cara,
até festa demos lá.
Em seis meses, os contatos que ganhavam R$1.000,00 por mês
já ganhavam perto de U$ 5.000,00 e , em um ano , U$ 12.000,00. Que proeza! E
tudo começou logo na segunda semana, com uma ligação.
A secretária me passa uma ligação e a pessoa diz que queria
anunciar no programa “Mulheres” e eu perguntei a verba. Em abril daquele ano o
faturamento da TV tinha sido de U$
200.000, e só aquela consulta seria de U$ 400.000 ao mês (tinha algo errado ali).
Achei que era uma brincadeira um amigo tirando uma com a minha cara, perguntei o
endereço e a pessoa me disse que era Rua Barão do Triunfo. Eu morava na Barão
do Triunfo e falei para a pessoa se identificar
e a pessoa disse o nome Honor Rodrigues, e a pessoa me disse que não era brincadeira.
Ficamos uns segundos nessa conversa mole até que descobri que era uma cliente mesmo,
na época o dono da Company Publicidade ,o rei das televendas, seu produtos
davam diversos problemas no Procon, na Saúde Publica e vira e mexe tínhamos um
boato de que ele iria quebrar ( um dia vou contar uma história só sobre as
façanhas deste Honor).
Esse cliente ajudou a levantar a moral da equipe. Imagine,
do dia para a noite consegui, ou melhor, caiu do céu um faturamento que era o
dobro do que tínhamos.
Muitas histórias aconteceram sobre e com esse cliente na
minha vida de vendedor de TV. Uma delas foi a própria sorte de estar na
emissora ás 8h, horário em que ele ligou e em que normalmente ninguém ainda
chegou aos departamentos comerciais das emissoras.
Outra foi: apesar de sua falta de ética, com a qual tentava
nos impregnar, não termos nos curvado e, com isso, passamos ilesos por suas
trapalhadas e tentativas de nos corromper ( Decon, Procon e até Justiça).
Perguntem ao Osvaldo Marraccini ele atendeu muito o Honor rsrsr
Perguntem ao Osvaldo Marraccini ele atendeu muito o Honor rsrsr
A
última vez que ouvi falar do Honor foi no dossiê Uruguai, aquele que o Collor
tentou forjar em Miami – e acho que o
Honor acabou caindo na Justiça de lá. E o que posso dizer é que nunca levei um
balão do homem e ganhamos muito dinheiro com as veiculações daqueles produtos
para crescer cabelo, cartilagem de tubarão e os primeiros pets para parar de
fumar do mercado.
Honor Rodrigues foi o vilão de muita gente, mas posso dizer
com convicção que salvei minhas metas com aquele dinheiro nas horas mais difíceis de
minhas gestões na Band ,Gazeta SP e Canal 21, e garanto, se houve um “Rei do Televendas”,
foi ele. Pena que sua ética estava abaixo das 8h da manhã.