domingo, 1 de dezembro de 2013

Quase imprensa marrom .


Na terceira e última vez que fui trabalhar na TV Gazeta, só iria se meu amigo Luiz Carlos Stein fosse comigo. Ele nem acreditou quando falei que, para alavancarmos mais uma vez o faturamento ali, teríamos de ter um estômago e tanto...  Ele me perguntou quanto eu achava que tinha de faturamento, chutei uns 800 mil no mês e, quando chegamos lá, tinha só 400 mil. O judeu quase me bateu: ganharia metade do que ganhava na editora Azul rsrsrs.
Porém, em poucos dias já tínhamos 1.800 milhão e deixei o índio (como o chamávamos) contente e feliz. A equipe era boa e nossa vida era uma maravilha. Stein cuidava da equipe e eu, da Fundação.
Lembrei dessa história por esses dias, no almoço conversando com o Vagner Gimenes e lembrando com ele de um “causo” sobre uma negociação para o cliente Bic. Fizemos uma oferta de mídia em fevereiro (mês ruim) e ele, em maio (mês bom), queria a mesma negociação. Contudo, ele mal sabia sobre o processo dentro da Fundação, mas preferimos enfrentar o problema e acabei fechando o negócio; porém, nós brigamos e, depois de mais de 10 anos, soube que, quando coloquei o telefone no gancho, minha secretária me disse que tinha quebrado o aparelho rsrsrs. É: enfrentar o financeiro era mais difícil que perder a amizade do Vagnão rsrsrs.
Mas a história lembrada por mim quando falávamos desse caso é com o grande e competente Otoniel. No início de minha carreira na Box Propaganda, na época da Gazeta com o Stein, já estava há anos mandando prender e soltar na PA, house agência do Pão de Açúcar.
Tínhamos – para variar – uma bela permuta no Lellis Trattoria do Walter Bernardino, amigo do Roberto Avallone do Mesa Redonda, ali na alameda Campinas, quase esquina com a rua Estados Unidos em São Paulo. Levávamos os clientes pelo menos uma vez por semana lá e nosso querido Otoniel trabalhava ali perto, na Brigadeiro Luis Antônio, onde era o prédio da administração e da agência da CBA (nome da razão social do supermercado), e também almoçava lá às vezes.
Estávamos indo bem na Gazetinha e o mercado comentava. Certo dia, cheguei ao Lellis e encontrei o Otoniel na porta; cumprimentei-o e ele, naquele dia meio cínico na frente de seus convidados, tirou uma comigo, falando sobre a grande emissora que eu comandava. Eu tentei levar na boa, mas ele insistiu e eu perguntei se ele estava na TV Globo para compensar a tirada de sarro dele, pois só via o comercial do cliente dele na Globo. Cada um tirou seu sarro, mas eu fiquei com aquilo na cabeça e, na mesma semana, novamente encontrei com ele e ele continuou com aquilo, mas estava com pressa e nem falei nada.
Semanas depois, eu, “mordido”, cruzei com ele novamente no restaurante e falei bem alto, no meio de todos (conhecidos e não conhecidos): “Olha lá, Stein! O Otoniel, da Rede Globo, aqui no Lellis!”. E cada vez que cruzava com ele, falava aquela frase mais alto – só que, dessa vez, quem não respondeu foi ele. Juro, foram dezenas de vezes... Um dia, o Stein foi sozinho ao Lellis e  encontrou o Otoniel, e este me mandou um recado: “Stein, peça ao gordinho para parar de ficar gritando no Lellis que sou da Rede Globo pois tá pegando mal! Vou até mandar uma graninha para vocês lá...”.
Recebi o recado, mas não pararia e não acreditei na graninha. Passaram-se uns dias e os mapas da PA chegaram à Gazeta. Entrou o judeu na minha sala com os mapas, e  um memorando do financeiro com o cadastro do Serasa ou algo parecido e umas 30 páginas da CBA não autorizando a veiculação. Nem levei em consideração e assinei que eu autorizava. O financeiro me ligou e falei que era o Pão de Açúcar e que me responsabilizava. É, amigos... Até 1998 nunca o maior varejo na época tinha anunciado na Gazeta (pasmem!).
O mercado era louco, mas eu era mais... Quando queria, mesmo arrumando confusão, colocava os clientes para dentro do basquete (nome que dávamos ao faturamento): uma cestinha que tinha na mesa do Walter Clark na “Vênus Platinada”, no início da Rede Globo, na qual colocavam os mapas reservas que chegavam ao comercial da emissora.
Sobre o Otoniel, ele era um grande profissional...  Eu que, durante meu topo da carreira, nunca levei desaforo para casa. Mas hoje... será que levo? rsrsrs