Na terceira e
última vez que fui trabalhar na TV Gazeta, só iria se meu amigo Luiz Carlos
Stein fosse comigo. Ele nem acreditou quando falei que, para alavancarmos mais
uma vez o faturamento ali, teríamos de ter um estômago e tanto... Ele me perguntou quanto eu achava que tinha de
faturamento, chutei uns 800 mil no mês e, quando chegamos lá, tinha só 400 mil.
O judeu quase me bateu: ganharia metade do que ganhava na editora Azul rsrsrs.
Porém, em
poucos dias já tínhamos 1.800 milhão e deixei o índio (como o chamávamos)
contente e feliz. A equipe era boa e nossa vida era uma maravilha. Stein
cuidava da equipe e eu, da Fundação.
Lembrei dessa
história por esses dias, no almoço conversando com o Vagner Gimenes e lembrando
com ele de um “causo” sobre uma negociação para o cliente Bic. Fizemos uma oferta
de mídia em fevereiro (mês ruim) e ele, em maio (mês bom), queria a mesma
negociação. Contudo, ele mal sabia sobre o processo dentro da Fundação, mas
preferimos enfrentar o problema e acabei fechando o negócio; porém, nós
brigamos e, depois de mais de 10 anos, soube que, quando coloquei o telefone no
gancho, minha secretária me disse que tinha quebrado o aparelho rsrsrs. É:
enfrentar o financeiro era mais difícil que perder a amizade do Vagnão rsrsrs.
Mas a história
lembrada por mim quando falávamos desse caso é com o grande e competente
Otoniel. No início de minha carreira na Box Propaganda, na época da Gazeta com
o Stein, já estava há anos mandando prender e soltar na PA, house agência do
Pão de Açúcar.
Tínhamos – para
variar – uma bela permuta no Lellis Trattoria do Walter Bernardino, amigo do
Roberto Avallone do Mesa Redonda, ali
na alameda Campinas, quase esquina com a rua Estados Unidos em São Paulo. Levávamos
os clientes pelo menos uma vez por semana lá e nosso querido Otoniel trabalhava
ali perto, na Brigadeiro Luis Antônio, onde era o prédio da administração e da
agência da CBA (nome da razão social do supermercado), e também almoçava lá às
vezes.
Estávamos indo
bem na Gazetinha e o mercado comentava. Certo dia, cheguei ao Lellis e
encontrei o Otoniel na porta; cumprimentei-o e ele, naquele dia meio cínico na
frente de seus convidados, tirou uma comigo, falando sobre a grande emissora que
eu comandava. Eu tentei levar na boa, mas ele insistiu e eu perguntei se ele
estava na TV Globo para compensar a tirada de sarro dele, pois só via o comercial
do cliente dele na Globo. Cada um tirou seu sarro, mas eu fiquei com aquilo na
cabeça e, na mesma semana, novamente encontrei com ele e ele continuou com
aquilo, mas estava com pressa e nem falei nada.
Semanas depois,
eu, “mordido”, cruzei com ele novamente no restaurante e falei bem alto, no
meio de todos (conhecidos e não conhecidos): “Olha lá, Stein! O Otoniel, da
Rede Globo, aqui no Lellis!”. E cada vez que cruzava com ele, falava aquela
frase mais alto – só que, dessa vez, quem não respondeu foi ele. Juro, foram
dezenas de vezes... Um dia, o Stein foi sozinho ao Lellis e encontrou o Otoniel, e este me mandou um
recado: “Stein, peça ao gordinho para parar de ficar gritando no Lellis que sou
da Rede Globo pois tá pegando mal! Vou até mandar uma graninha para vocês lá...”.
Recebi o
recado, mas não pararia e não acreditei na graninha. Passaram-se uns dias e os
mapas da PA chegaram à Gazeta. Entrou o judeu na minha sala com os mapas, e um memorando do financeiro com o cadastro do
Serasa ou algo parecido e umas 30 páginas da CBA não autorizando a veiculação.
Nem levei em consideração e assinei que eu autorizava. O financeiro me ligou e falei
que era o Pão de Açúcar e que me responsabilizava. É, amigos... Até 1998 nunca
o maior varejo na época tinha anunciado na Gazeta (pasmem!).
O mercado era
louco, mas eu era mais... Quando queria, mesmo arrumando confusão, colocava os
clientes para dentro do basquete (nome que dávamos ao faturamento): uma
cestinha que tinha na mesa do Walter Clark na “Vênus Platinada”, no início da
Rede Globo, na qual colocavam os mapas reservas que chegavam ao comercial da emissora.
Sobre o
Otoniel, ele era um grande profissional... Eu que, durante meu topo da carreira, nunca
levei desaforo para casa. Mas hoje... será que levo? rsrsrs