quinta-feira, 23 de julho de 2020

Vem aí um mundo tecnológico, cheio de passado escondido.


A pedido do amigo Jorge Medauar, vou me aventurar num texto com muitas indagações e reflexões sobre para onde caminha o mercado profissional pós-pandemia.
Vivemos, na minha opinião, os piores cinco anos da história corporativa do país, a confusão que o digital produziu na cabeça dos gestores seniores fez com que a juniorização dos cargos e salários chegasse a índices muito superiores em relação a qualquer momento anterior.
Em casa, com possibilidades de se faltar o pão, ninguém tem “razão”. Os efeitos são devastadores na economia, duas ou três gerações foram sacrificadas, perdendo seus empregos ou, até mais cruel, seu status financeiro, buscando outros totalmente fora de sua zona de conforto.
Outros como eu foram buscar ainda mais conhecimento e tentar descobrir em que erraram, coisa que tem tantas respostas que não valem a pena se aprofundar.
Fiz uma conversa com amigos esses dias, as chamadas “lives”, e descobri ser muito mais fácil entreter os convidados do que mexer nos apps disponíveis. Vi muitos tentarem entrar nos espaços reservados e, por pura falta de habilidade com a tecnologia, o tal maker/make ainda é um bicho de sete cabeças para muitos.
Pois bem, o assunto deste são as experiências dos tais seniores que acima comentei. Viveremos um tempo com minúsculas oportunidades de erros, totalmente diferente do que vínhamos vivendo, em que errar muito era ocupar espaços pelo simples fato de alcançar algo que ninguém descobriu ainda se é preciso, ou melhor se é comercialmente viável.
Quanto dinheiro desperdiçamos em nome da tecnologia e da ignorância. Quanto tempo perdemos formando profissionais que tiveram pouca duração em nossas empresas. 
Em um determinado momento em 2013, eu e um grupo tentamos falar com o diretor de produto dos celulares Samsung e, juro, em pouco mais de um ano, eles mudaram o infeliz umas cinco vezes, ou eles mudaram de empresa atrás de um pequeno acréscimo salarial.
Este mundo, e seu verdadeiro normal, vai precisar de experiência comprovada e já procurada, com lupa.
Muitos de nós prolixos e ultrapassados vivemos momentos de inflação de 80%, dinheiro duro de conseguir e nenhuma falta de decoro, hoje tão revolucionário quanto o feminismo e as generalizações.
Vem aí um mundo tecnológico, cheio de passado escondido e sem um grande tapete para jogarmos lixo e desperdícios de baixo.