A pedido do amigo Jorge Medauar, vou me aventurar num texto
com muitas indagações e reflexões sobre para onde caminha o mercado
profissional pós-pandemia.
Vivemos, na minha opinião, os piores cinco anos da história corporativa
do país, a confusão que o digital produziu na cabeça dos gestores seniores fez
com que a juniorização dos cargos e salários chegasse a índices muito
superiores em relação a qualquer momento anterior.
Em casa, com possibilidades de se faltar o pão, ninguém tem
“razão”. Os efeitos são devastadores na economia, duas ou três gerações foram
sacrificadas, perdendo seus empregos ou, até mais cruel, seu status financeiro,
buscando outros totalmente fora de sua zona de conforto.
Outros como eu foram buscar ainda mais conhecimento e tentar
descobrir em que erraram, coisa que tem tantas respostas que não valem a pena
se aprofundar.
Fiz uma conversa com amigos esses dias, as chamadas “lives”,
e descobri ser muito mais fácil entreter os convidados do que mexer nos apps
disponíveis. Vi muitos tentarem entrar nos espaços reservados e, por pura falta
de habilidade com a tecnologia, o tal maker/make ainda é um bicho de sete
cabeças para muitos.
Pois bem, o assunto deste são as experiências dos tais
seniores que acima comentei. Viveremos um tempo com minúsculas oportunidades de
erros, totalmente diferente do que vínhamos vivendo, em que errar muito era
ocupar espaços pelo simples fato de alcançar algo que ninguém descobriu ainda
se é preciso, ou melhor se é comercialmente viável.
Quanto dinheiro desperdiçamos em nome da tecnologia e da
ignorância. Quanto tempo perdemos formando profissionais que tiveram pouca
duração em nossas empresas.
Em um determinado momento em 2013, eu e um grupo tentamos
falar com o diretor de produto dos celulares Samsung e, juro, em pouco mais de
um ano, eles mudaram o infeliz umas cinco vezes, ou eles mudaram de empresa
atrás de um pequeno acréscimo salarial.
Este mundo, e seu verdadeiro normal, vai precisar de
experiência comprovada e já procurada, com lupa.
Muitos de nós prolixos e ultrapassados vivemos momentos de
inflação de 80%, dinheiro duro de conseguir e nenhuma falta de decoro, hoje tão
revolucionário quanto o feminismo e as generalizações.
Vem aí um mundo tecnológico, cheio de passado escondido e
sem um grande tapete para jogarmos lixo e desperdícios de baixo.