domingo, 30 de setembro de 2012

Quem quer ser um milionário. Atari o 1°


Como muitos sabem, estou me reinventando como produtor de conteúdo, fazendo mestrado em cinema, já que no início era para justificar alguns projetos, estou lendo novos e antigos pensadores num curso tão bem alinhavado como este nos proporciona conhecimento e discussões inteligentes sobre todo tipo de  audiovisual. E agora estou tomando gosto por coisas como o tamanho do digital,  a rapidez que o cinema imprimiu para alavancar muitas das invenções que são fundamentais para se viver nos dias de hoje. E até quem sabe fazer um doutorado futuramente .Dar aula não faz parte dos meus planos pesquisar até que sim.

Neste ano e pouco, depois de trinta anos sem pisar em uma escola como aluno, é dei uns dois anos de aula na Cásper Líbero quando trabalhei na TV Gazeta SP em 1994  na cadeira de mercadologia, a pedido do reitor Amauri.

Às vezes nas aulas do mestrado pareço o personagem do filme indiano “Quem quer ser um milionário”, que ganhou o Oscar de filme estrangeiro. Para quem não viu, no filme o personagem entra num programa de TV com prêmios para quem acertar todas as perguntas. E ele acerta todas, pois viveu e sentiu na pele cada uma das situações perguntadas pelo apresentador do programa, mesmo sendo ele um assistente de telemarketing. E apanha como um cão a mando dos produtores do programa, pois ninguém entende sua vitória. Na universidade também apanho um pouco , o mundo acadêmico é tão estrelado quanto o da publicidade . 

Durante as aulas acontecem coisas como a discussão do porquê da Kodak quebrar. É porque ela não acompanhou a era do digital .Não ou também. Eu atendia a Kodak na época em que o gerente de mkt era o Máximo  1987 ou 88, e pior que isso foi a Fuji montar uma rede de lojas de revelação e a gigante americana ter que acompanhar, o que para as duas foi um tiro no pé – hoje você revela foto em casa na impressora. Ou nem imprime, passa de uma tela para outra – Tudo Tela.
Ou situações de mercado como uma aluna que atua numa grande agência e colocou para a sala toda que um dos maiores clientes do mercado estava investindo em internet 25% de sua verba e eu, dias antes com a bambambã da conta, ouvi que investia 12%.
Ou um aluno que disse que a TNT foi a primeira no cabo a dar um ponto de audiência e eu estava com a Dora Câmara e o Carlos Eduardo Ferrari, pai do Flavio no Ibope quando começaram as medições e o primeiro canal a dar um ponto foi o Cartoon Network para as crianças. Estava lá comprando a pesquisa Monitor, o primeiro depois da Globo que compra tudo, para a equipe de vendas da TV Gazeta.
Na aula de mercado, então, eu parecia um arquivo morto ou, como disse um amigo na internet estes dias, “o passado vive em mim”.  (Luiz Carlos Pereira, não achei assustador, pois alguém tinha que contar as histórias que ando contando para um registro da mídia e mercado, coisa de que não me lembro de outro ter escrito. O Luiz é saudosista mesmo, até com a profissão; nos conhecemos há muito tempo, estudamos juntos na ditadura e montamos o Centro  Acadêmico da Faculdade mesma que hoje faço o mestrado.  Devíamos pedir indenização. Não fomos presos, mas éramos bolinados pela direção. Flávio Cidade, Luiz Carlos Pereira, eu, Celso Cezar  – desculpem-me aqueles de quem não me lembro, ahhh tinham mulheres também rsrsrsr ,estamos falando de 1979. Lembro desta turma fazendo plantão nas esquinas da faculdade me esperando por causa de um manifesto escrito sobre a ditadura; os homens estavam lá para nos prender.)
Em uma das aulas me fez lembrar de fatos engraçados, que também presenciei,  como o lançamento do Atari pela Gradiente , o primeiro vídeo game ( tivemos o Telejogo mas...). Eu era o comprador de mídia na DPZ e o Caubi Vasconcelos, o Biba, se não me engano, o planejador. O mercado de videogames é algo em torno de 25 bilhões de dólares e, é lógico, está em pauta na faculdade de audiovisual tanto quanto os filmes, vídeos e internet.
Ah! Não posso esquecer também a alegria do Fernando Martos irmão do Pedro Barça quando o chamei e compramos seis meses de duplas com aplique de faca que saía para fora da revista Vídeo  da  editora Três , os joysticks – e isso deu problemas em outras revistas –, e também em outdoors. Pena que não tenho as fotos, mas os aplicadores de outdoor colocaram os joysticks na parte de cima em vez de embaixo.
Nem vou contar o que aconteceu na compra dos espaços da TV Globo com o Tarso Madeira. Deu um rolo tão grande que acabei sendo contratado por eles dias depois, e me mandaram para BH. Era muito jovem e, na época, entendi aquilo como uma promoção e não como um castigo?.
Lembro-me de um dia em que o Ricardo Corte Real passou lá na DPZ. Ele vendia uma publicidade nos orelhões da Telesp antes das ligações, imagine! Fomos tomar um café no Gimba e quando voltei parecia que o mundo ia desabar na minha cabeça. Quando alguém erra na mídia que você comprou, você errou. Seu c... é o de plantão, mas me salvei e estou contando a história. Foi quando chegou a foto do outdoor com o aplique na parte de cima. Aí, fizemos uns bonecos e mandamos para as revistas para que não saísse iguais a alguns outdoors.
São tantas as passagens que acabei escrevendo este blog para não ser um chato para os  alunos do mestrado e interromper a todo o momento as aulas de que tanto gostei nestes últimos semestres.  Ah! Quem não tem histórias para contar nesse mercado acaba tendo infarto ou bebendo até se esquecer do passado. Essa parte da história aconteceu em 2012.