sábado, 26 de outubro de 2013

Blommberg . Casa de ferreiro, espeto de pau ......


Dessa, muitos que estão no mercado se lembrarão... É uma história que não só aconteceu comigo e com minha empresa, mas com todos que trabalharam com o maior fornecedor de informações econômicas e financeiras do mundo.
O que vou contar parece piada, mas é a pura verdade e, se quiserem, vou colocar nomes de pessoas que trabalharam na época e que ainda estão aí no mercado de vendas de mídia.
Tínhamos uma equipe muito boa na América Economia, a primeira operação full regional a acontecer no Brasil. Nosso escritório ficava em uma cobertura linda duplex na Vila Nova Conceição, bairro chique de São Paulo, mas tínhamos gás para mais produtos e um dia aconteceu nosso segundo produto, o qual é o personagem principal de nossa história hoje.
Fazer start up sempre foi minha vocação e isso, na opinião dos responsáveis, nunca foi um início de operação, pois já havia passado por lá as equipes dos competentíssimos Gisberto Sassi, Paulo Leal e, se não me engano, até uma equipe própria da própria Bloomberg TV.
Quando meu sócio na época me disse que estávamos na foto para representá-los, ficamos bem ansiosos. Foram meses de conversas e reuniões com o pessoal do Brasil e até com uma VP comercial venezuelana (uma graça de pessoa, mas firme e determinada a fazer de seu território um sucesso em vendas).
Quando fomos os escolhidos na primeira reunião para acertarmos os ponteiros, lembro que fiz a pergunta básica para quem trabalhou em TV durante mais da metade da vida: qual é a audiência na época medida pelo estudo chamado hoje de WM e na época Telereport? A resposta, por sinal muito desanimadora para a equipe interna do cliente: 0,2 ponto. Porém, para mim foi uma dádiva do céu! Conhecia o estudo quase que de cabeça e 0,2 ponto significava 800.000 telespectadores por mês. Mais que qualquer outro concorrente na área de negócios e economia! Imaginem: a revista Exame líder, que circulava com perto de 180.000 exemplares (quatro pessoas por exemplar), não chegava perto, fora a agilidade da TV que apresentava quase em real time os acontecimentos da bolsa do mundo todo. Nós ainda não tínhamos noção do que seria real time... rsrsrs
Outra coisa que me lembro: em janeiro, pedi as reservas e só tinham duas: Ouro Minas e Centro Auditivo , se não me falha a memória. Falamos muito, mas ali já descobri que não era um start up como disse, mas seria um start up trazer clientes para o canal.
Nossa primeira equipe ficou em nossa sala para escutarmos o que eles falariam no telefone e até como deveriam marcar as reuniões, isso durante uns meses. Depois, desceram para o andar debaixo, quando já tínhamos uns poucos clientes. Demoramos uns seis meses para decolarmos e quase nos mandaram embora. Se em maio a Lurdes Saccardo não nos salvasse com uma campanha linda da Nissan que inovava em banners na tv e internet, estaríamos mortos! Já estávamos quase desacreditados e eu, nervoso, pois, até então, em poucos meses resolvíamos o problema de nossos veículos clientes rsrsrs.
Tivemos uma troca muito grande de vendedores durante os dois primeiros anos. Era muito difícil vender aquele conceito revolucionário e novo de layout de TV e de sua própria forma comercial. Contudo, o produto era bárbaro no formato real time em português e tinha números na minha opinião.
No terceiro ano começamos a colher o que foi realmente plantado. Fomos crescendo aos poucos: no final do primeiro ano chegamos a umas 10 faturas por mês; no segundo ano, umas 18 faturas por mês e disparamos nos terceiro e quarto anos para umas 60 faturas por mês. Só que, aí, os problemas de fato começaram a surgir.
Desde as primeira faturas que foram geradas por nossas vendas descobrimos que o maior fornecedor de dados e informações de economia e negócios do mundo não sabia emitir uma fatura correta. Cada veiculação significava uma operação complicada. Eles erravam no mínimo duas vezes cada uma delas e nosso escritório, que deveria ser só de vendas, passou a ser um removedor de problemas operacionais enormes à medida que faturávamos mais.
Lembro que até os centavos um dia fomos obrigados a pedir para serem eliminados das faturas, até que passaram a ser enviadas por invoice, mas aí foi a gota-d’água pois mandaram uma carta em inglês aos departamentos de checking das agências explicando isso e, é lógico, ninguém entendeu e, na hora de pagar os invoices, uma fatura de 100 custava 152! Imaginem meu ouvido e o dos vendedores na época...
Thiago Barros, Giba Guilherme Freire , Sandro Cachiello e Alessandra Oncken sofreram muito, e os anteriores também rsrsrs. Isso significou um desgaste com a equipe interna e, obviamente, nosso com as agências e clientes.
Recordo que, uns dois anos atrás, encontrei o Gisberto e a Silvia, sua esposa, em Penedo e passamos o dia juntos. Ele me disse que desde a época dele era assim e aí não acreditei mesmo...
Muitas vezes vender é fácil... rsrsrs O difícil é mandar uma nota fiscal correta e que não cause problemas na operação. Nosso cliente era uma craque na informação e um perna de pau na emissão das faturas. Será que o sr. M. Bloomberg tem esse mesmo problema em Nova York?