sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Celulares, emissoras de televisão, vacinas e o Marcos Tolentino

Gosto bastante de minha vida, para cada lugar que olho tem uma história para contar, para cada coisa que acontece tem um causo, uma constatação ou simplesmente um acontecimento que vivenciei como cidadão. Já devo ter contado que nossa equipe comercial da TV Gazeta de São Paulo foi a primeira em que cada um teve um celular. O meu comprei do Marcos Tolentino, sim, o mesmo da CPI das Vacinas e dono da Rede Brasil de Televisão. Poucos assistem porque as emissoras são em UHF e não estão nas plataformas de TV paga ( Net , Vivo, SKY , etc). Em 2006/2007, já falava para ele que emissoras de TV em breve teriam sua derrocada. Não entendi bem seus motivos de colocar dinheiro num poço sem fundo; na real seus cacifes políticos e seus sócios tiram dinheiro não põem . Lembro que morava no Brooklin Velho, bairro de SP, e era tão caro que o próprio Marcos levou o tijolo da Motorola em casa, a um preço de 1.500 dólares e já vinha com a linha da Telesp. Tolentino era anunciante da nossa TV e um batalhador. Pelo que sei, quebrou diversas vezes até ir para Curitiba e trabalhar numa banca de advocacia que hoje é sua. Desde que o reencontrei em meados de 2006, em Salvador, na companhia do Celso Russomano, hospedados com a família no chiquérrimo Hotel Pestana no Rio Vermelho, notei a mudança de classe social. Na primeira vez, logo após almoçarmos, fomos ver a construção de um apartamento que havia comprado na cidade, com 360° de visão do mar. Como já sabia de sua fixação nas emissoras, falei que aquilo que estava comprando não seria um bom negócio comercial em poucos anos e ele, em vez de querer falar comigo, se aproximou de minha mulher, que era nossa melhor apresentadora, mas não entendia nada de televisão. Em 2010, eu e minha ex rachamos, e Tolentino e ela tentaram uma parceria, primeiro em Salvador, num canal UHF da rede dele que nem satélite bom tinha, a emissora saía do ar dia sim dia também. E logo após, a mandou com salário de top de linha para Campo Grande MS, casa e carro alugado pela empresa. Em dois anos, ela já estava fora. Certo dia me ligou para perguntar, em sua primeira gravação de programa, o que eram os caracteres. Pediram para ela digitar. Em 2013, o Vagner Oliveira amigo meu e dono da NBC – Bureau de Mídia, me chamou para dar uma consultoria em Salvador e, para minha surpresa, fomos no avião do Tolentino fazer uma reunião com o dono, coronel e médico Luiz Macedo e também ex-deputado federal, apoiado pela igreja Universal do Edir Macedo e por Luiz Antônio Magalhães, que o colocou na Comissão de Telecomunicações. O coronel, além da TV, saiu com duas emissoras de rádio na região de Salvador (BA). Nesta reunião, acabei me aproximando do militar e, em poucos minutos de conversa, descobrimos que moramos na mesma casa na vila militar do Guarujá (SP) na praia das Pitangueiras, só que ele 10 anos antes de eu e meus pais. A minha vida deu tantas voltas e continua dando. O celular que comprei do Marcos Tolentino nunca deu problema e adiantou o lado nosso numa época em que ter celular era um luxo e agilidade para uma equipe pequena e que precisava de muita movimentação. Apesar de ser aposentado na vida comercial, virei um escritor de poesias, causos e projetos audiovisuais. As histórias ainda batem à minha porta. Sorte ao Marcos Tolentino nesta CPI dos horrores, nada que alguns empréstimos de seu avião de 6 lugares a políticos não possa lhe ajudar. Já a vacina Covacxin acho que não vai pro ar , bem parecida com a Rede Brasil que hora vai, hora não vai. Desta vez, pelas manchetes do jornalismo marrom, hoje tão comum nos noticiários das emissoras de televisão. São Paulo, 1996. Salvador, 2007. Brasília, 2021.