segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Mnemônicos

No meu primeiro emprego, no banco Itaú, foi onde conheci alguns estudantes de Publicidade que remeteram a boas lembranças dos momentos em que minha mãe trabalhou na área, na década de 60. Passei também pela CETESB – qualidade do ar, água e vida em São Paulo –, onde peguei meu carimbo de estágio.
E o assunto da hora foi minha mudança para a TV Globo São Paulo, para ganhar metade do que ganhava na estatal paulistana.
Entrei numa peneira do departamento de RH para a informatização do departamento de operações comerciais, a OPEC – que põe no ar os comerciais dos clientes. Fomos contratados pois fazíamos faculdade de Comunicação e nossa missão seria informatizar aquilo que era feito manualmente – o roteiro comercial diário da emissora em São Paulo.
Para quem não sabe, o software foi o mesmo que as empresas de aviação usavam para lotar seus aviões, acentos e voos, que foram trocados por emissoras, segundos e programas.
Sempre lembro da figura do Marcos, que dizia, em alto e bom som, aos novatos que estávamos ali para acabar com o departamento e os trocar por computadores, que ainda eram operados por grandes terminais. Os PCs, interligados, ainda eram sonhos, outro dia conto outra história.
E umas das primeiras coisas que aprendi foi que se alimentar com dados certos as respostas assim seriam e que trabalharíamos resumindo os nomes de tudo para facilitar a entrada no sistema ,o computador ainda era uma promessa.
Quero dar os créditos ao gerente André Barroso, que, por duas vezes, me contratou e espero que desfrute de ótimas lembranças minhas, como faço quando me recordo dele. E o Celso Coli e o  Antônio Athayde, diretores que fizeram essa revolução na forma de otimizar falhas, perdas e agilizar o negócio.
Escrever tudo isso, para  não me esquecer que mnemônicos hoje são nomes de programa – SP1,SP2, JN, JG, JHOJ – e como tudo na linguagem vai se adaptando e transformando o passado no futuro e vice-versa.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Breaks já eram

Ontem, vendo na madrugada um debate sobre as eleições, o assunto era o tempo de TV e rádio dos candidatos que não mais era fator definidor das campanhas políticas, e eles, tão sabidos sobre os prognósticos, não sabiam explicar o porquê.
Vejam, amigos, em 2013, Vagner Oliveira, dono de uma agência chamada NBC, ficou milionário comprando espaços publicitários (breaks) nos veículos de todo o Brasil e os revendendo a clientes como Dolly, Ultrafarma, Terras de Santa Cristina I, II, III, IV…, entre outros. Em uma reunião disse: “Os comerciais em breaks não funcionam, eu tenho um estoque enorme de créditos e não consigo vender”. Coincidência. Naquele mesmo ano, estava terminando meu Mestrado em Comunicação e falava sobre isso na minha dissertação para o fim de curso.
Direto ao assunto dos candidatos, que são marca/produto e têm de inserir suas mensagens em histórias/conteúdos. Lembro do Faustão longe dos biscoitos da Bauducco, mas uma loira maravilhosa fazia o merchandising; no último ano, ele comia os biscoitos.
Alguns exemplos da mudança dos hábitos na comunicação: o governador da Bahia tem um programa numa web TV, que, desde o início, é um dos pilares de seu sucesso e interlocutor diário com os formadores de opinião na internet, em seu estado, e com âncoras de sites, blogs, plataformas; a novela das 21h mostra alguém vendo um tablete das Casas Bahia, que depois é complementado no break; a Unilever, já há alguns anos, produz seus audiovisuais para celulares e os aproveita para outras mídias; e vi no sábado, no “JN”, a apresentadora pedindo 15 segundos, que já voltava, e era para mostrar um comercial de aparelhos de TV da Samsung, ou seria da LG?!
O líder nas pesquisas para presidente tem 8 segundos nas rádios e TVs; o quarto nas pesquisas, quase 4 minutos, e, além disso, a mudança dos muitos dias para perto de 30 dias de campanha também atrapalhou a estratégia dos abastados – estratégia requer tempo/longevidade, tática é no ato, como são as redes sociais hoje em dia. Somos 147.300.000 eleitores e estamos de saco cheio de políticos tradicionalmente corruptos, e comercial de conversa fiada não convence ninguém nestes tempos de milhares de segmentações que a internet nos oferece.
Num país que tem o triplo de celulares em relação aos eleitores e fofocas vendem versões diretamente ao consumidor final, aos segundos, aos minutos, quanto maior o break menor será a audiência. E sejamos honestos (sem trocadilho), intervalo é coisa do passado.
Há tempos quero falar do Vagner, um craque, que só não previu que seu helicóptero podia cair em dia chuvoso e que, em publicidade, mesmo com sua personalidade sem alardes, devia estar na história do mercado da propaganda como o broker que deu certo, na contramão da poderosa Rede Globo de Televisão, com a mídia de seus clientes.
E por que não falar dos debates, que levam especialistas até dos institutos de pesquisa e não levam gente que entende de mídia digital e até das velhas mídias eletrônicas (TVs e rádios)?
2020 já é tarde para quem vai disputar prefeituras e vagas de vereadores e ainda não conhece a força de um conteúdo afinado com o eleitor.

Eleições 2018

segunda-feira, 12 de março de 2018

Velhas mídias programáticas.


Mesmo no meio digital, com a mídia programática, perder o passar de um cliente interessado no seu negócio é dor no bolso de qualquer empresário.
Hoje, vemos veículos de comunicação da chamada velha mídia desperdiçando diariamente suas tão difíceis audiências conquistadas, vendidas por migalhas, e dispersando seu público, cada vez mais distante de sua plataforma.
E, por incrível que pareça, juntar a inteligência digital ao negócio da velha mídia pode vir a ser o produto da China, para não repetir grande negócio.
Os antes tão detestados contratos de risco por donos de meios de comunicação, com uma pitada de tecnologia, inovação e aplicativos customizados, podem fazer de algo quase analógico uma programática solução.
“Sustentamos que os departamentos de desenvolvimento de produtos (P&D) e de marketing devem se tornar parceiros íntimos se a empresa espera otimizar seu desempenho em inovação. Infelizmente, com muita frequência, o relacionamento entre os departamentos de desenvolvimento de produtos e de marketing é mal definido e desafiador”, afirmou Philip Kotler, em “A Bíblia da Inovação”.
O duro é convencer quem já tomou tanto balão no passado e que não entende nada do futuro a arriscar novamente algo que nem sequer seria risco.
Esperar as novas gerações de executivos chegarem ao topo dessas empresas será tarde demais e as ferramentas digitais, como se chamam Google, Facebook, Twitter, YouTube, Instagram, entre outros, vão os engolir sem piedade.
Neste ano, só o Google no Brasil faturará perto de 70 bilhões de reais, e veremos muitas das empresas da velha mídia sucumbirem.
Competir hoje não é mais mostrar percentuais de participação pelo Nielsen ou centro de pesquisa para justificar aumento de vendas, até porque nada cresce tanto quanto a audiência digital e o volume dos negócios digitais em todos os cantos do mercado profissional.
Quem tiver competência para juntar os ingredientes aqui expostos vai fazer dinheiro cavoucando o ouro que ainda resta em breaks, merchandising e branded content que sobram em suas prateleiras.