Como muitos sabem, estou me
reinventando como produtor de conteúdo, fazendo mestrado em cinema, já que no
início era para justificar alguns projetos, estou lendo novos e antigos
pensadores num curso tão bem alinhavado como este nos proporciona conhecimento
e discussões inteligentes sobre todo tipo de audiovisual. E agora estou tomando gosto por
coisas como o tamanho do digital, a
rapidez que o cinema imprimiu para alavancar muitas das invenções que são
fundamentais para se viver nos dias de hoje. E até quem sabe fazer um doutorado
futuramente .Dar aula não faz parte dos meus planos pesquisar até que sim.
Neste
ano e pouco, depois de trinta anos sem pisar em uma escola como aluno, é dei
uns dois anos de aula na Cásper Líbero quando trabalhei na TV Gazeta SP em 1994
na cadeira de mercadologia, a pedido do
reitor Amauri.
Às
vezes nas aulas do mestrado pareço o personagem do filme indiano “Quem quer ser
um milionário”, que ganhou o Oscar de filme estrangeiro. Para quem não viu, no
filme o personagem entra num programa de TV com prêmios para quem acertar todas
as perguntas. E ele acerta todas, pois viveu e sentiu na pele cada uma das
situações perguntadas pelo apresentador do programa, mesmo sendo ele um
assistente de telemarketing. E apanha como um cão a mando dos produtores do
programa, pois ninguém entende sua vitória. Na universidade também apanho um
pouco , o mundo acadêmico é tão estrelado quanto o da publicidade .
Durante as aulas acontecem
coisas como a discussão do porquê da Kodak quebrar. É porque ela não acompanhou
a era do digital .Não ou também. Eu atendia a Kodak na época em que o gerente
de mkt era o Máximo 1987 ou 88, e pior
que isso foi a Fuji montar uma rede de lojas de revelação e a gigante americana
ter que acompanhar, o que para as duas foi um tiro no pé – hoje você revela foto
em casa na impressora. Ou nem imprime, passa de uma tela para outra – Tudo
Tela.
Ou situações de mercado como
uma aluna que atua numa grande agência e colocou para a sala toda que um dos
maiores clientes do mercado estava investindo em internet 25% de sua verba e eu,
dias antes com a bambambã da conta, ouvi que investia 12%.
Ou um aluno que disse que a
TNT foi a primeira no cabo a dar um ponto de audiência e eu estava com a Dora
Câmara e o Carlos Eduardo Ferrari, pai do Flavio no Ibope quando começaram as
medições e o primeiro canal a dar um ponto foi o Cartoon Network para as
crianças. Estava lá comprando a pesquisa Monitor, o primeiro depois da Globo
que compra tudo, para a equipe de vendas da TV Gazeta.
Na aula de mercado, então,
eu parecia um arquivo morto ou, como disse um amigo na internet estes dias, “o
passado vive em mim”. (Luiz Carlos Pereira,
não achei assustador, pois alguém tinha que contar as histórias que ando
contando para um registro da mídia e mercado, coisa de que não me lembro de
outro ter escrito. O Luiz é saudosista mesmo, até com a profissão; nos
conhecemos há muito tempo, estudamos juntos na ditadura e montamos o Centro Acadêmico da Faculdade mesma que hoje faço o
mestrado. Devíamos pedir indenização. Não
fomos presos, mas éramos bolinados pela direção. Flávio Cidade, Luiz Carlos
Pereira, eu, Celso Cezar – desculpem-me
aqueles de quem não me lembro, ahhh tinham mulheres também rsrsrsr ,estamos
falando de 1979. Lembro desta turma fazendo plantão nas esquinas da faculdade
me esperando por causa de um manifesto escrito sobre a ditadura; os homens
estavam lá para nos prender.)
Em uma das aulas me fez
lembrar de fatos engraçados, que também presenciei, como o lançamento do Atari pela Gradiente , o
primeiro vídeo game ( tivemos o Telejogo mas...). Eu era o comprador de mídia
na DPZ e o Caubi Vasconcelos, o Biba, se não me engano, o planejador. O mercado
de videogames é algo em torno de 25 bilhões de dólares e, é lógico, está em
pauta na faculdade de audiovisual tanto quanto os filmes, vídeos e internet.
Ah! Não posso esquecer
também a alegria do Fernando Martos irmão do Pedro Barça quando o chamei e
compramos seis meses de duplas com aplique de faca que saía para fora da
revista Vídeo da editora Três , os joysticks – e isso deu
problemas em outras revistas –, e também em outdoors. Pena que não tenho as
fotos, mas os aplicadores de outdoor colocaram os joysticks na parte de cima em
vez de embaixo.
Nem vou contar o que
aconteceu na compra dos espaços da TV Globo com o Tarso Madeira. Deu um rolo
tão grande que acabei sendo contratado por eles dias depois, e me mandaram para
BH. Era muito jovem e, na época, entendi aquilo como uma promoção e não como um
castigo?.
Lembro-me de um dia em que o
Ricardo Corte Real passou lá na DPZ. Ele vendia uma publicidade nos orelhões da
Telesp antes das ligações, imagine! Fomos tomar um café no Gimba e quando voltei
parecia que o mundo ia desabar na minha cabeça. Quando alguém erra na mídia que
você comprou, você errou. Seu c... é o de plantão, mas me salvei e estou
contando a história. Foi quando chegou a foto do outdoor com o aplique na parte
de cima. Aí, fizemos uns bonecos e mandamos para as revistas para que não
saísse iguais a alguns outdoors.
São tantas as passagens que
acabei escrevendo este blog para não ser um chato para os alunos do mestrado e interromper a todo o
momento as aulas de que tanto gostei nestes últimos semestres. Ah! Quem não tem histórias para contar nesse
mercado acaba tendo infarto ou bebendo até se esquecer do passado. Essa parte da
história aconteceu em 2012.
Hélcio, escreva, escreva e escreva!
ResponderExcluirComo dizia meu pai: "O pior que pode acontecer é você melhorar a caligrafia".
Só uma correção, o que eu vendia era a Telemidia, uma linha 0200 com opções de historinhas para crianças, horóscopo, metereologia, etc.
Causos... Beijos, Ricardo.