Era 1984 ou 1985 e eu morava em Belo Horizonte. Naquela época, apesar de minha vida ser bem agitada,
tinha tempo de diversão, futebol e muita aprontada. Trabalhava na TV Globo
Minas, atendia o segmento de Cultura e Lazer e o de Moda e ainda tinha dúvida se
minha vida ia ficar em BH ou se voltaria para São Paulo, minha cidade natal.
Ganhava bem, já tinha meu primeiro filho e aos fins de semana
nossa diversão era almoçar fora e passear nas cidades perto de Belo Horizonte,
conhecer grutas, obras de artistas mineiros e cidades históricas.Dizem que
mineiro convida você para visita-lo mas não dá o endereço .rsrrsrs
As novidades naquele mercado eram feitas por nós da Globo
Minas ,os Enduros , o Boom mineiro de moda , a Arrezzo , Vide Bula , Divina Decadência e Cedro
Cachoeira muitas outras mas estas se firmaram nacionais . Naquela época nenhuma agência da maior
cidade mineira comprava pesquisa. E nosso grande diferencial era fazer projetos
para um mercado em formação. Tínhamos tudo de pesquisa e informação.
Eu vinha da DPZ, á época a maior agência do mercado, e apesar
de ter ficado lá pouco mais de um ano aprendi horrores com o Reinaldo Postolachhi,
Manoel Nascimento, Lucélia , Riva ,João Seraphico, Flavio Nara, Paulo Oncken ,
Osvaldo Marraccini , Fernando Salles (o boca) , Paulo Tamanara , Eliane
Zacarias, Vandeirlei, Caubi Vasconcelos. Esse aprendizado me deu força na Gerência
de Operações que assumi logo que cheguei a BH e depois, quando fui convidado
para as vendas de publicidade e comecei a ganhar um dinheirinho de verdade.
Nosso marketing publicitário era muito bom em BH. Tínhamos a
Silvana Doné, mulher de um contato que hoje é o cara lá, o Carlos Doné big do grupo Itatiaia .E o gerente dela o
Preto é nosso Preto aqui de São Paulo um craque e antes outro o Mario Bola foi
muito bem em BH.
Para quem mora em Belo Horizonte, o Mario Neves cacique mór do grupo Alterosa , outra lenda,
também era nosso contato. Nem vou falar dos outros, que aí vão babar os
mineiros (rsrsrs...) Ahhhh o Djair Toscano, vai ...na Paraíba e nosso amigo aqui
no semsura888 , que equipe ehhhh.
A história de hoje é sobre um dos fatos que marcaram minha
vida e me ensinaram que, mesmo pequeno empresário e jovem numa cidade quase sem
clientes grandes e sem dinheiro, um grande profissional faz a diferença em criatividade,
ética e inovação.
Como disse acima, atendia o segmento de moda; fiz um trabalho
muito grande de prospecção e já conhecia praticamente todas as indústrias e
confecções. Como também atendia as feiras de moda, andava por diversos
municípios além da capital: Divinópolis, Mariana, Valença (RJ, ao lado de Juiz
de Fora) – até em Cachoeiro do Itapemirim (ES), era um louco por clientes.
Um dia me liga na Globo um tal de Rogério Brandão, indicado
pelo Zezão, que havia conhecido nas baladas e botecos que frequentávamos.
Marquei e fui a seu encontro. Os dois jovens tinham uma
pequena produtora de vídeo uma sala e um cliente para a mídia. Pediram-me para
fazer uma planejamento para, se não me engano, umas oito praças para algo em
torno de seis meses.
O Rogério, um dia, marca com o cliente, que era um fabricante
de jeans chamado Witchcraft ( acessórios para bruxaria) , e me mostra o filme
que há 30 atrás mexia com o assunto Halloween, coisa que só uns 15 anos mais
tarde começou a despertar interesse no Brasil.
Trabalhamos legal, mostramos uma defesa maravilhosa, o
cliente comprou a ideia e parecia um empresário centrado. Criou a marca, tinha
sua linha bem fashion, havia encontrado um bom profissional no mercado e
fechamos o negócio.
A Globo, mesmo Minas, tinha suas regras. Além da PIs
(autorizações de programação), tínhamos que fazer um contrato que foi
providenciado e entregue ao cliente.
As coisas iam muito bem e a campanha entrou no ar. Eram duas
praças por mês, o resultado aconteceu e aí o cliente começou a querer
mudar. Aceitamos a primeira mudança, a
segunda, e, é lógico, cada uma delas mudava o contrato.
O negócio que parecia muito bom começou a ficar chato e sem
consistência mercadológica – e fora, internamente, os problemas que já estavam
surgindo com a rigidez da Globo .
Marquei uma reunião com o único cliente do Rogério e coloquei
o problema. Jamais imaginaria que ele falaria o que falou: “Este cara não
merece o trabalho que fizemos. Tem como cancelar a campanha dele, Hélcio?”. E
aí, vi que o glamour também se faz com
atitudes ruins .
Foi a primeira e única vez que mandei uma carta de cancelamento a um cliente.
Normalmente, é o cliente que te manda, mas vi que um jovem em BH tinha algo
mais importante que ganhar dinheiro: seu nome a zelar.
Esse cara encontrei anos depois em São Paulo. Como já disse
em outra história, inventou o Serginho Groisman na minha frente. Hoje é um dos
comandantes da TV Brasil, com mais de 500 emissoras Brasil afora e lá atrás, há
perto de 30 anos, me mostrou que ser pequeno é só o início para um dia ser
grande.
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