domingo, 22 de setembro de 2013

Não sonhei tive o bar em Salvador.


Um dos locais em que tive grandes histórias foi o bar que tive quatro anos em Salvador. Umas mil pessoas por noite, de quinta a domingo. Nosso slogan era o máximo: “Você vem pela orla ou pela Paralela, entra na Jorge Amado e K&K”. O nome era “Country Club” quando compramos, mas mudei para “Kountry Klub” e, em poucos meses, já era “K&K”.
Bar é como o carro russo Lada: uma alegria quando compra e uma festa quando vende. Nunca trabalhei tanto na vida. Acho que, por causa disso, não me lembro muito das histórias e, além disso, na época fazia três turnos na TV Salvador, em São Paulo (América Economia e Bloomberg) e as viradas de noite, em todos os fins de semana, eram no bar.
Minha sorte é que não bebo, se não me tornaria um alcoólatra. As coisas em um bar só quebram na hora que você tem a capacidade total (cheio); depois que compra tudo, ainda falta um monte de coisas e todo mundo te rouba, os clientes, os garçons, os fornecedores e, se tiver sócios, eles te roubam também.
Nesse fim de semana sentei com uns amigos e falamos de ter um bar: dos quatro da mesa, três já tinham, e estávamos sentados no bar de um deles em Salvador.
Das histórias do bar, lembro de uma mesa enorme perto do caixa e, uns 30 minutos depois que as pessoas que a ocupavam terem ido embora, me aparece uma loira jovem perguntando se alguém tinha encontrado um celular. Chamamos o garçom, que disse não ter visto e ela, alterada, insinuou que o garçom podia ter pego. Papo vai, papo vem, enfim: ela mesmo se traiu, falando como justificaria ao pai ter perdido o 8º celular em poucos meses... rsrsrs... 
Lembrei de algumas histórias, como a de quando resolvi colocar detector de metais nas duas entradas do bar e no primeiro dia termos encontrado 12 revólveres! Imagine bebidas, mulheres e todos se espremendo, dançando... Depois, foi diminuindo, até que praticamente não tínhamos mais valentões na entrada.
Graças a Deus nunca teve uma briga no bar; caso contrário, com aquele mundo de revólveres, eu já estaria cumprindo uns anos de cadeia.
Um dos melhores lances que aconteceu foi quando, nas contagens, descobrimos que faltavam caixas de cervejas e aí achamos que alguém invadia o bar nas madrugadas quando fechávamos.
Na segunda, fui para São Paulo com aquilo na cabeça e, chegando a Cumbica, peguei um táxi. Um motorista japonês, em poucos minutos de conversa, havia me dito que tinha sido motorista de uma companhia de cerveja durante 30 anos e me contou os truques dos entregadores.
O melhor era ligar no telefone do bar, na hora da entrega, e distrair a chefia que estava ali para não ser ludibriada, ou a forma de se colocar as caixas que você conta, conta e acha que o número está certo, mas se esperar na porta em pé, vai ver que faltam duas ou três caixas. 
Na quinta, voltei e fiquei na porta da entrada das cervejas e não deu outra: faltavam duas caixas e, com a maior cara de pau, pegaram duas no caminhão e me entregaram... ia falar o quê...
Na conversa no bar com os amigos demos muitas risadas, mas posso dizer que nunca  ganhamos muita grana, e sim muitos cabelos brancos.
E, graça a Deus, nenhum problema maior, apenas uma amnésia terrível sobre as grandes histórias que aconteceram nos quatro anos que sofri horrores nas mãos dos clientes, funcionários e fornecedores. Enfim, não quero para ninguém um “K&K” em sua vida... 

  

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