Um dos locais em
que tive grandes histórias foi o bar que tive quatro anos em Salvador. Umas mil
pessoas por noite, de quinta a domingo. Nosso slogan era o máximo: “Você vem pela orla ou pela Paralela, entra na
Jorge Amado e K&K”. O nome era “Country Club” quando compramos, mas mudei
para “Kountry Klub” e, em poucos meses, já era “K&K”.
Bar é como o
carro russo Lada: uma alegria quando
compra e uma festa quando vende. Nunca trabalhei tanto na vida. Acho que, por
causa disso, não me lembro muito das histórias e, além disso, na época fazia três
turnos na TV Salvador, em São Paulo (América Economia e Bloomberg) e as viradas
de noite, em todos os fins de semana, eram no bar.
Minha sorte é
que não bebo, se não me tornaria um alcoólatra. As coisas em um bar só quebram
na hora que você tem a capacidade total (cheio); depois que compra tudo, ainda
falta um monte de coisas e todo mundo te rouba, os clientes, os garçons, os
fornecedores e, se tiver sócios, eles te roubam também.
Nesse fim de
semana sentei com uns amigos e falamos de ter um bar: dos quatro da mesa, três
já tinham, e estávamos sentados no bar de um deles em Salvador.
Das histórias do
bar, lembro de uma mesa enorme perto do caixa e, uns 30 minutos depois que as
pessoas que a ocupavam terem ido embora, me aparece uma loira jovem perguntando
se alguém tinha encontrado um celular. Chamamos o garçom, que disse não ter
visto e ela, alterada, insinuou que o garçom podia ter pego. Papo vai, papo vem,
enfim: ela mesmo se traiu, falando como justificaria ao pai ter perdido o 8º
celular em poucos meses... rsrsrs...
Lembrei de
algumas histórias, como a de quando resolvi colocar detector de metais nas duas
entradas do bar e no primeiro dia termos encontrado 12 revólveres! Imagine
bebidas, mulheres e todos se espremendo, dançando... Depois, foi diminuindo,
até que praticamente não tínhamos mais valentões na entrada.
Graças a Deus
nunca teve uma briga no bar; caso contrário, com aquele mundo de revólveres, eu
já estaria cumprindo uns anos de cadeia.
Um dos
melhores lances que aconteceu foi quando, nas contagens, descobrimos que
faltavam caixas de cervejas e aí achamos que alguém invadia o bar nas
madrugadas quando fechávamos.
Na segunda,
fui para São Paulo com aquilo na cabeça e, chegando a Cumbica, peguei um táxi.
Um motorista japonês, em poucos minutos de conversa, havia me dito que tinha
sido motorista de uma companhia de cerveja durante 30 anos e me contou os truques
dos entregadores.
O melhor era
ligar no telefone do bar, na hora da entrega, e distrair a chefia que estava
ali para não ser ludibriada, ou a forma de se colocar as caixas que você conta,
conta e acha que o número está certo, mas se esperar na porta em pé, vai ver
que faltam duas ou três caixas.
Na quinta,
voltei e fiquei na porta da entrada das cervejas e não deu outra: faltavam duas
caixas e, com a maior cara de pau, pegaram duas no caminhão e me entregaram...
ia falar o quê...
Na conversa no
bar com os amigos demos muitas risadas, mas posso dizer que nunca ganhamos muita grana, e sim muitos cabelos
brancos.
E, graça a
Deus, nenhum problema maior, apenas uma amnésia terrível sobre as grandes
histórias que aconteceram nos quatro anos que sofri horrores nas mãos dos
clientes, funcionários e fornecedores. Enfim, não quero para ninguém um
“K&K” em sua vida...
Nenhum comentário:
Postar um comentário