domingo, 10 de novembro de 2013

Prosumidor não é um fã .


Nessa semana participei de um encontro sobre narrativa televisiva na ECA-USP e descobri que ele é viável há sete anos, sendo patrocinado pela Globo Universidade, a qual promove em diversas universidades no Brasil grupos que fazem pesquisas publicadas em livros e debates muito bem organizados e com assuntos atualíssimos.
As vedetes do encontro foram a Convergência e a Transmidiação da ficção televisiva, assunto atual a ponto de ainda existirem diversas dúvidas tanto dos palestrantes como dos participantes. Lembro-me de que, desde a primeira vez que li Henry Jenkins, comentei na sala de aula que a definição dele de transmídia estava mais perto do mercado que o que o meio acadêmico entendia.
Falamos muito sobre as novelas que são um produto brasileiro a que se assiste na TV aberta no Brasil e essa foi a única dúvida que tive durante o dia e meio que durou o evento. Então, já comentarei algo aqui sobre as ditas TVs abertas: temos de encontrar um jeito de sustentá-las, pois nem as igrejas estão conseguindo mais segurar seus custos. Mas aí é outro seminário... rsrsrs
Mas vamos ao que interessa, o que me chamou a atenção para escrever meu texto da semana. Fiquei bem intrigado com a seriedade dos grupos de universidades que fazem os encontros chamados OBITEL, os quais já poderia ter participado em 2011; nesse ano, comecei meu mestrado em agosto  e o de 2012 não me interessei   e acabei indo ao de 2013, pois Convergência e Transmídia participam da minha dissertação. E, como minha defesa é sobre a convergência da linguagem, o assunto era apetitoso e deveras adequado.
Contudo, já no último dia um elemento bem forte me aguçou a mentalizar o que vim a escrever: quando a organizadora mor e seu grupo da USP começaram a demonstrar sua pesquisa e o termo “fã” foi acaloradamente exposto, pois falar de novela sem falar de é quase impossível, ainda mais quando entra o assunto transmídia. O plural de em inglês é fandon, muito mais adequado pois, quando pensamos nesse termo , ele é coletivo, em grupo.
Por diversas vezes, nas discussões nos três períodos que ficamos lá no auditório cheio, as dificuldades de se falar em transmídia e crossmídia foram enormes. Eles se confundem, mas são bem distintos se nos propusermos a entender sobre o assunto.
Transmídia é a expansão da história veiculada em outras plataformas que possam melhor expressá-las, podendo ou não ter a colaboração do público, e a mesma plataforma pode oferecer uma ou mais partes e/ou expansões da história.
Crossmídia é a mesma história sendo veiculada em diversas plataformas.
O que não se falou e o que me intriga há tempos quando falamos de transmídia foi que a interatividade é sua quase essência e em nenhum momento esse termo foi tão usado por nós, profissionais de mídia e veículos de comunicação, nos anos que antecederam a revolução digital.
E por que, quando se falou de , resolvi escrever este texto? Existe algo que mergulha mais dentro do ente de desejo que um fã. Ele tem ciúmes, acompanha seu objeto de desejo, recorta e cola suas fotos, nada de errado que ele faça o incomoda. O penetra e interage 24 horas por dia com seu objeto de veneração – isso é ou não é interatividade?
No auge, quando falávamos em interatividade, fui a um seminário da HSM com a palestra de Philip Kotler. Levei até uma fórmula que demonstrava que uma ação interativa de 30” vale 300 vezes mais que uma ação de veiculação de 30” em qualquer meio.
Transmídia e interatividade estão muito ligadas e se acompanham; por isso, o conteúdo que produzimos é tão importante nos dias atuais, pois eles criam as situações ideais para os fãs os curtirem e os compartilharem – assuntos tão em pauta na vida de todos nós... rsrsrs
Não é à toa que o mundo da comunicação pensa o dia inteiro na forma de se criar ídolos e heróis para todos nós prosumidores, um dia, sermos fãs de algum ovo criado em uma incubadora... rsrsrs
Eu mesmo, desde que vi que vender publicidade não era mais o que queria fazer na vida, estou tentando incubar algo que seja o desejo de milhões de fãs... Quem sabe não tropeço qualquer dia no Ovo de Colombo rsrsrs

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