Poucos acreditam que a Google no Brasil vai faturar perto de
R$ 100 bilhões em 2019. Em 2012, escutei o presidente, Fabio Coelho , em
palestra na APP , contar que naquele ano a empresa faturaria R$ 2,5 bilhões no
País, valor que dobraria nos próximos 5 anos; até 2016, R$ 40 bilhões. Se
acreditarmos nele, só em 2018, seu lucro foi de 142% sobre o ano anterior.
Hoje, num PIB perto dos R$ 7 trilhões no Brasil, imagine
qual a real conta que devemos fazer para que uma única empresa tome do mercado
1/70 do dinheiro do País. A princípio, parece coisa de publicitário doido ou
matemático mal informado. Se fizermos a mesma conta sobre os U$ 21 trilhões do
PIB americano, o Google lá fatura 1/220. E ainda estamos fazendo o cálculo pelo
faturamento global deles.
Na economia americana e pelo investimento feito em ativos,
salários, impostos e inovação, estes números não comprometem o Estado. Aqui, tirar
todo esse dinheiro de circulação é o maior causador do crash pelo qual
passamos.
Esta receita, se confirmada, teria sua maior fatia dentro
das comissões não pagas a vendedores de milhares de empresas, os quais, nestes
tempos, usam as ferramentas do empreendimento norte-americano para alavancar
suas vendas diretamente, sem intermediários.
Lembro de uma história, em 2001, numa palestra da Fundação
Getúlio Vargas (FGV). Um empresário ao meu lado havia dispensado a equipe de
vendas inteira, pois o computador iria fazer este papel, e olha que nem
falávamos em Google.
O mercado publicitário perdeu para ela perto de R$ 15
bilhões. Só a TV Globo faturava, em 2015, R$ 16 bilhões. Em 2018, a Vênus
Platinada não alcançou R$ 7 bilhões e este dinheiro nem considero como a parte
maior da fatia.
Num mercado como dos EUA, uma empresa faturar U$ 110 bilhões
globalmente, com um PIB de U$ 21 trilhões, só soma à economia. Num país com o
nosso, é um dos fortes protagonistas de ter tirado perto de R$ 50 bilhões de
circulação e, sem dúvida, um dos elementos de nossa crise. Uma pequena
comparação são os R$ 44 bilhões liberados pelo governo Temer, que fizeram a
diferença entre crescermos ou não em 2017/2018.
Tirar R$ 50 bilhões, em poucos anos de consumo, pode, sim,
desequilibrar todo um país com problemas como o nosso tem. Os outros R$ 50
bilhões acho que até não influenciariam, salvo o mercado de comunicações, que
definhou definitivamente nestes últimos seis anos. Outros também estão
agonizando tamanha a voracidade em logística, serviços diretos de vendas,
armazenamento de dados, impressos tipo catálogos, a cultura com suas livrarias
debilitadas e tantos outros que já se foram e nem notamos.
Uma das formas para eu chegar a estes números é o quanto a
Google paga de impostos no País. Como trabalha com ferramentas de informática,
o índice não chega a 10%. Se fosse uma empresa publicitária, pagaria de 17% a
32%, dependendo do lucro e faturamento.
Hoje o Brasil é uma das economias que mais usam esses
recursos e a Google tem se aproveitado muito dos nossos paradigmas – logística
ruim, cargas tributárias equivocadas e governos corruptos ou fora do prumo.
Num mercado como o nosso, que oferta e demanda pela natureza
de nossas desigualdades, produz pouco e por falta ou excesso a economia
desanda, alguém retirar tanta grana assim faz um mau maior que o bem que vemos
diariamente em nossos computadores.
Se ficarmos sentados e não encararmos a fera americana,
ninguém põe este ovo em pé novamente.
Análise perfeita. Vejo que o processo desumano (é o que penso) persistirá, mais é mais.Como consertar tamanha discrepância?
ResponderExcluirTaxando impostos neles com destinos previstos para o fortalecimento de tecnologia realizada no Brasil que tenham retornos que compensem as perdas.
ResponderExcluirEsse texto continua muito bom.
ResponderExcluir