Poucos sabem que a TV a cabo no Brasil teve seu começo
avassalador em Santos-SP, 20 anos depois de ter se consolidado nos EUA e na
Europa, pelas mãos de um argentino e seu nome era Multicanal. Chegaram a ter
cabeado 50% da cidade, e houve na TVA, do Grupo Abril e Net, na época nas mãos
do grupo Globo, um investidor chamado Antônio Dias Leite, do mercado
financeiro, que ganhou muito dinheiro neste negócio.
Esta é uma história que ninguém teria contado até hoje, pois
quem perde dinheiro não conta e quem ganha dinheiro fácil também não, por ética
ao perdedor.
Antônio Dias Leite, TV Gazeta de SP e o Shop Time, hoje de
propriedade das Lojas Americanas, na época desta façanha, eram o último negócio
no cabo do investidor financeiro.
Era 2001, o celular, em uma alavancada estupenda, chegou a
17 milhões de aparelhos, imaginem 18 anos depois que há mais celular do que
gente no País.
O varejo ainda não conhecia bem a potência dos canais pagos
de televendas e o Shop Time nadava de braçada nas vendas aos consumidores
abastados. O e-commerce ainda engatinhava aqui no Brasil.
Numa tentativa de aumentar seu faturamento, a direção do
canal de vendas por telefone alugou, no início de 2000, um trimestre inteiro de
TV Gazeta SP, pago à vista à dona da TV aberta, a Fundação Cásper Líbero, pelo
valor de R$ 2.000.000,00.
Era uma época difícil financeiramente para a emissora
paulista e aquele dinheiro foi a salvação da lavoura. Mas um erro da
administração do canal fez o empresário Antônio a nunca usar aquele aluguel
pago antecipado.
Pesquisas feitas posteriormente ao negócio fechado
detectaram que uma veiculação na pequena TV paulista prejudicaria a imagem de
exclusividade dos bens vendidos pelo Shop Time para a classe A e B, consumidora
fervorosa do canal até hoje. Iriam bregar os produtos do canal.
Havia a confusão da desunião entre a Gazeta e a CNT do
Paraná que foi o motivo do aluguel que nunca foi veiculado. Muita sorte da
Gazeta, que recompôs seu negócio sem os paranaenses.
Pesquisando, descobri que em 2017 Dias Leite morreu e nunca
ninguém saberia deste fiasco, salvo eu, que dirigi a emissora por três vezes
alternadas entre 1993 e 1997, quando fui montar o Canal 21 do Grupo Band. E em
2001 montei meu negócio com o Shop Time como cliente para o mercado
publicitário.
Dois milhões de reais nem são dinheiro no negócio da TV
aberta, mesmo ele tendo diminuído significativamente, e imaginem que em 18 anos
todos esses negócios mudaram suas vertentes e nem usamos mais o nome
televendas. Tudo é associado hoje em dia a vendas pela internet.
Hoje são tantos canais de vendas, Polishop, OutLet, Joias e
o Shop Time, ainda líder absoluto, graças a sua premonição de que amarrar seu
nome à Gazeta mataria seu negócio.
São Paulo-Rio de Janeiro, 2001.
Adorei a história.Fiquei imaginando os produtos do Shoptime no meio do programa das Parceirinhas na Gazeta. Iam bombar demais!
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