quarta-feira, 24 de maio de 2023

O bom e o ótimo mídia.

Era 1982 e eu fazia um ano estava em Belo Horizonte trabalhando de gerente de operações comerciais da Globo Minas , vinha da DPZ- SP onde aprendi a ser mídia profissional  com o Reinaldo Postolachi  - o Magrão  coisa que sempre me agrada muito rememorar.

Almoçando estes dias com o  JR, ex-publicitário inclusive trabalhou comigo no Canal 21 do grupo Band,  advogado de mão cheia, especializado em processos digitais e filho mais  velho do Magrão. Conversa vai , conversa vem lembrei em uma bela história vou começar a contar a vocês.

Já disse inúmeras vezes o quanto trabalhar duas vezes na TV Globo foi importante na minha vida profissional, além de sua ética e regras de lisura na “ÈPOCA”, lá fiz inúmeros cursos e seminários que só enriqueceram minha carreira.

Com 27 anos fui convidado pelo departamento de RH nacional a participar de uma série de workshops que chamavam Desenvolvimento Profissional Globo 2000 no Rio de Janeiro, eles aconteciam na cobertura do lindo hotel Sheraton na av Niemayer , uma lindeza a gente via o mar 280 graus e os outros 80 graus a favela do Vidigal , com o ar condicionado na última e toda a comodidade um novo gerente poderia sonhar.

O palestrante era o Eurico Carvalho marido da ainda desconhecida Marluce Dias, que entregava as pastas aos participantes, entre uma atividade e outra. Marluce anos mais tarde veio a ser a substituta do famoso Boni na direção geral da Rede Globo.

Um dos diferencias era que o palestrante mor era cego e dava show de habilidade e conhecimentos do início ao fim dos 3 dias de cada modulo . 

Abria o evento pedindo que cada um de nós novos diretores e gerentes da organização Globo, se apresentassem ( erámos uns 40 ) e logo após cada um que se dirigia a ele, éramos tratados pelo nome e a cidade de onde vínhamos. Um expert na arte de ensinar.

Posso garantir que os dois módulos estive foram dos mais proveitosos e glamorosos na minha vida de trabalho, pelos amigos conheci e pelo conteúdo desenvolvemos juntos.

Não lembro bem quanto tempo foi um do outro uns 6 meses imagino, ficávamos incomunicáveis durante os dias de trabalho no hotel com a equipe nos assistia e nos cativava e não é que eu acabei sendo um que foi chamado para atender uma ligação telefônica.

Um dos dias a tarde a Marluce chega por atrás da minha poltrona e diz que havia um diretor da DPZ que já havia me ligado inúmeras vezes e por ser importante haviam ligado a meus superiores em  São Paulo e BH  e feito uma consulta se  eu deveria  atender. Fiquei morrendo de vergonha.

E imaginem era o Reinaldo/ Magrão   precisava de uma informação minha que não consegui na hora mais quando cheguei a BH prontamente o atendi , ahh ele precisava de uma indicação de uma agencia de publicidade em BH para fazer uma parceria com a DPZ na conta da Cervejaria  Kaiser, lembram do baixinho, foi criação da DPZ  ,   e eu indiquei a DNA  do amigo Daniel – conhecida nacionalmente muito anos mais tarde no escândalo do mensalão e do Marcos Valério que naquela época acho nem imaginaria um dia ia trabalhar / roubar em publicidade.

O bom de escrever está crônica além de falar de profissionais dos mais capacitados passaram no mercado de comunicação foi lembrar que o Magrão sempre dizia que o bom mídia acha tudo e o ótimo mídia achava o impossível.

SP 1981, BH 1982 e Rio de Janeiro 1983         

 

 

sábado, 29 de abril de 2023

Vendedor não, comprador em potencial

Hoje, depois de uns bons anos, fui a uma concessionária VW buscar um carro novo e resolvi contar uma bela história de meados da década de 90 sobre a mesma  empresa.

Fui chamado pelo Luiz Viscardi, o fundador da grande concessionária de veículos de São Paulo, a Sorana, para uma reunião na Casa Verde, na Rua Brás Leme, com o amigo e vendedor Renato Baptista. Em uma hora de conversa, em vez de vender o patrocínio do “Mesa Redonda” do famoso apresentador Roberto Avallone , motivo pelo qual me chamou, fui eu que acabei comprando uma perua Santana preta zero-quilômetro. Ele me pedia um desconto muito alto e eu acabei dizendo que ele não me daria o mesmo desconto na compra de um veículo da loja, e não é que ele deu.

Naquele dia, o sr. Luiz comprou o patrocínio do programa, por seis meses. Ele estava contente, a loja também passou a vender Audi, dias antes de nossa reunião. Na sala dele, ainda havia balões da festinha que deu para a diretoria sobre a nova aquisição de sua bela empresa.

Menos de um mês depois, ele não sabia, troquei de canal, literalmente. Fui convidado pelo Jhonhy Saad para dirigir o canal 13, em São Paulo – SP1, da TV Bandeirantes, e fui lá na Sorana, agora como diretor da Band, e vendi o patrocínio do “Show dos Esportes” para a Audi.

Muitos dizem que tenho memória de elefante e só caiu a ficha sobre esta história quando estava comprando meu T-Cross. Cheguei até a comentar com a vendedora Aide, mas a venda foi tão diferente e complicada que acho que ela nem prestou atenção.

Lá atrás, com seu Luiz, dei a maior sorte, era a transição da URV- Unidade real de valor, para o real e o banco em que tinha conta, o BCN, em sua tesouraria, cometeu o erro de dividir em duas vezes a traquitana inventada pelo então ministro da Economia, Fernando Henrique Cardoso, em seu caixa e só depois de 90 dias foi debitado de minha conta. Apesar de minhas insistentes reclamações, a Sorana recebeu no dia combinado e à vista.  

Seu Luiz Viscardi e o Renato Baptista já se foram e devem estar aprontando alguma lá no céu. Aproveitei para fazer esta homenagem a meus amigos, que hoje devem ter visto lá de cima meu possante zero bala, não o carro mais caro da loja, ele tinha, na década de 90, antes de começar a vender os caríssimos Audi. E por que não deixar uma pulguinha atrás da orelha de nossos leitores com a pergunta: quem vende por último vende melhor?

São Paulo, 1995 e 2023.

 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

A ordem das coisas

 

O digital veio para ordenar, não no conceito de dar ordem, e sim no de priorizar. Imaginem alimentar todos esses oito bilhões de habitantes do planeta sem um bom programa de reservas em silos, mundo afora, dos elementos prioritários para solver a fome. Gente, animais, plantas e lavouras carecem de nutrientes e isso se replica em todas as cadeias de suprimentos que fazem a vida ser mais ordenada.

A partir da hora que dispomos de tecnologia, ela acaba sendo viciante e edificante no trabalho, no lazer, em casa e na rua. Hoje somos guiados por ela. GPS é pouco para o quanto somos e seremos vigiados daqui para frente.

Ninguém se livra do cadastramento. Outro dia escrevi que a qualquer momento na hora de acordar um sistema vai fazer nosso cadastro, senão não comemos, bebemos, nos transportamos e nada fazemos.

A cada dia entram novos apps, inovações visuais e de conteúdo, um mundo diferente de ano em ano. Antes eram décadas até  se mudar algo.

Leis novas precisam ser elaboradas, senão vamos trombar uns com os outros o tempo todo. A vida vai prescrevendo e nascendo vertiginosamente.

Inteligência artificial, realidade aumentada, metaverso, ChatGPT já colocaram no chinelo termos comuns de dois anos atrás.

Um universo inteiro de mudanças passa à nossa porta e sobe quem pode e entende. Muitos de nós tentamos. Esses poucos neurônios do futuro fazem de muitas gerações bobos da corte dos jovens. Sorte ainda têm os velhinhos (as) com o pau duro na ciência, mesmo sendo ela de inovação.

Ganhar espaço, pensar e escrever como nós humanos, ou quase como, imaginar o mundo em N dimensões e fazer pesquisas por conta própria será um estalo dos próximos dois anos e o que vem por aí ainda nem foi inventado.

 

São Paulo,  fevereiro 2023.

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Caiu da rede era peixe! Agora é on-demand.


Há cerca de uns 20 dias, em reunião on-line com o executivo responsável pela operadora de TV paga de um dos maiores grupos de comunicação do País, descobri ser verdade que de 2018 para cá o número de assinantes caiu de mais de 20 milhões (20.000.000) de domicílios para pouco mais de 13,7 milhões em 2022 e, com uma grave ressalva, os assinantes ininterruptamente tentam negociar para baixo o valor de suas assinaturas.

Dezoito anos antes, em um congresso de TV paga, em Florianópolis – dei uma palestra no Congresso Brasileiro de Pay TVs, convidado pela Associação Brasileira de Televisão Universitária –, quando o secretário nacional do setor palestrou, a discrepância era de perto de 2 milhões do número dele e o do mercado, que era de cerca de 5 milhões, e a plateia suspirava a cada enxadada errada discursada em cima do palco do teatro da universidade federal de Floripa. Esse é um dos motivos dos quais ainda suspeitava de tal derrocada. Há tempos atrás, era nítida a sonegação de impostos ou o velho golpe de mentir nas circulações (revistas faziam isso) para captar mais recursos no mercado publicitário. Não dava para distinguir qual era o truque da época, mas que tinha um truque era óbvio.

Podemos pôr a culpa em que quisermos, na economia, nos jovens, mas a grande janela que se abriu, ou se fechou, são as diversas formas de se assistir a audiovisuais, se entreter com videogames e a infinidade de exposição de conteúdo, que levou os consumidores a outras praias, antes inexistentes.

Fico aqui pensando no tamanho do dinheiro movimentado de uma janela para outra em pouco tempo, numa indústria que paga tecnologia em dólar.

O mais importante a se registrar é o tempo em que isso ocorreu. Antes qualquer mudança durava 10 anos, 20 anos. Hoje, em 2 anos, muda-se tudo.

Bilhões são arremessados às moscas, em equipamentos obsoletos, formação e treinamentos de pessoal, ideias que gastam sem sair das telas de computador.

Muito se fala em engenharia reversa para a indústria de foguetes, mas sem computadores e os apps ela não funciona, e os computadores é que fazem da comunicação a forma de entretenimento do momento.

Logo, logo, encontraremos elos perdidos em todos os lugares, inclusive, ao abrirmos o refrigerador com a tão falada internet das coisas e nos depararmos com a realidade aumentada do que hoje chamamos de peixe grande (on-demand), que rouba a cena neste atabalhoado mundo sem fronteiras que não espera mais nada.   

São Paulo, agosto de 2022.

terça-feira, 19 de julho de 2022

A publicidade nunca vai acabar, muito pelo contrário.

 Cada dia que passa, os breaks comercias têm ficado menores e quem ainda não descobriu que o público não se incomoda em ver coisas bem articuladas dentro do editorial vai conhecer derrotas e derrotas.

Sempre lembro da TV Gazeta da década de 90 quando falo desse assunto, nossos carros-chefes na programação eram os programas “Mulheres” e “Mesa Redonda”, que eram  recheados de testemunhais e merchandisings. E numa das minhas três saídas da emissora, o diretor que me substituiu resolveu determinar um número máximo de 20 por dia, tínhamos até 50 nos meus momentos de diretor.

Moral da história: o programa que dava quatro pontos de audiência no Ibope, em pouco tempo, apresentou um ponto, e o outro caiu de cinco para dois.

Quem se deu bem foi a Ana Maria Braga que na época tinha seu programa na Record dando traço e com a debandada dos clientes da Gazeta SP, os recebeu e quadruplicou sua audiência.   

O rei do telemarketing na época e nosso maior anunciante dizia que as mulheres faziam a xepa na feira para economizar uma graninha e comprar coisas por telefone e receber em casa pelos Correios.

Mas, voltando ao nosso assunto, hoje o Faustão come o Panetonne e, em breve, o William Bonner, ou quem o substituir, comerá também. A Rede Globo já tem hoje gente que vende espaços dentro de seus telejornais. Ah, é amiga minha, inclusive.

Em 2012, apresentei ao presidente da FAAP, uma das principais faculdades de Comunicação do País, um projeto que sugeria que todos os cursos deveriam ter a oportunidade de ensinar matérias que habilitassem o aluno em publicidade, podia até ser extracurricular. O presidente adorou, já o dono da cadeira de Comunicação quase me matou na hora – mas, matou depois.

Eu ia contra o marasmo que era o curso dele e aquilo iria dar trabalho, o que ele certamente não queria.

A publicidade continua sendo a alma do negócio, vejam Google, Facebook, Youtube entre outros, que desavergonhadamente colocam mensagens de vendas a torto e à direita a nossa frente o dia todo. O OOH já faz isso a tempos, jornais salvo o The New York Times com seus mais de 8 milhões de assinantes não se reinventaram, já os brasileiros um outro texto longo, e as rádios um dia vão chegar nisso, elas são rápidas.

Metaverso, realidade aumentada, transmidia, segmentações ao extremo e quem sabe lá os alienígenas prometem coisas do outro mundo. 

Bendita publicidade venha a nós, que estamos todos esperando seus próximos passos e consumir.

São Paulo julho 2022

 

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Televisão, muitos lugares, muitos assitirão.

Comento bastante sobre minhas aventuras nos diversos canais de televisão em que trabalhei, que construí e modifiquei.

Televisão, na minha opinião, hoje é qualquer espaço em que exibimos audiovisuais, na empena de um edifício, no celular, no laptop, no aparelho de televisão, na grade de TV paga, no videogame, em sites e em uma infinidade de opções de lugares.

Num país como o Brasil, ela ainda brilhará durante muito tempo nas suas mais diferentes formas e formatos, canais e lugares, e é fácil de explicar: somos um país continental com a população em diversas camadas sociais, quase, a grosso modo, 1/3 em cada uma, por exemplo, 1/3 vive como se vive na Europa e EUA, 1/3 vive como se vive em países do terceiro mundo e o 1/3 restante não vive e passa a vida como se morasse nos países mais miseráveis do mundo, como na África, Haiti e muitos outros mundo afora.

Essa imensa legião de cidadãos vive nesse mundo disforme, vive conforme vivem seus bons e maus exemplos.

Salvo exceções, vivemos três partes distintas num país colossal e isso é nítido num veículo, aparelho ,que já foi o responsável por  homogeneizar uma cultura.  Já nossa sociedade é formada por castas quase que como na Índia, onde praticamente não se atravessam limites, os cidadãos compõem cada uma delas quase que do início ao fim da vida.

Com isso posto, dá para entender como o termo “televisão” ainda perdura forte para, pelo menos, 140 milhões de brasileiros no século 21, em 2021, no topo da era digital e da hipermodernidade, um aparelho quase que obsoleto no primeiro mundo.

Já há tempos falo que a TV vai viver transformações enormes e isso vem acontecendo nos nossos moldes e possibilidades.

A TV aberta perdeu, em 15 anos, 50% de sua audiência, e a TV paga, em 5 anos, 30% de seus assinantes e consequentemente de audiência.

Do ponto de vista do faturamento publicitário, a queda foi muito mais vertiginosa. Em 7 anos, perdeu 50% de suas receitas – é bem interessante ressaltar o advento digital, redes sociais, Google e Youtube levaram e levarão bastante ainda.

E não posso me esquecer que esses dois anos de pandemia e uma militância de direita que dividiu o país, com o aparecimento de vieses jornalísticos , fizeram surgir dois candidatos a investir dinheiro numa nomenclatura ultrapassada chamada “TV”. Lembrem-se das diversas formas de nos referirmos à TV.

E não é que surge a CNN, parecendo ser de direita, e enganou a todos. Não é que ela vendeu que seria. Eu que procuro notícias nunca a procurei no laptop em consulta ao Google, YouTube ou qualquer lugar. Começou bem comercialmente com a força de uma equipe conhecida e com pedigree e logo ( menos que uma pandemia ) foi se esfacelando e dando passagem a outros personagens tanto no editorial como no comercial e MKT.

Pensem que a líder ( GloboNews entre todas as pagas) nas últimas pesquisas fiz ao ranking  deTV paga é a maior concorrente da CNN Brasil , e sua audiência varia de 0,25 a 0,69 pontos, ou melhor um quarto de 1 ponto e pouco mais que metade de uma ponto. E se podemos aferir, a líder está em todas as operadoras por assinatura e a concorrente (CNN Brasil)  hoje é a 15ª colocada com uma audiência entre 0,08 a 0,22 pontos, perto de 11 vezes menos que 1 ponto e pouco menos de um quarto e 1 ponto, e espero esteja em todas as operadoras de assinatura.

E só para fazer uma comparação entre campos distintos uma rede como a Band deve faturar perto de  R$ 400 milhões ano ,com média de 2 pontos e uma cobertura perfeita nacional com quase 97 % do país. Gostaria de saber quanto custa colocar uma emissora com 100% de sua grade de jornalismo no ar, e quanto os donos pretendem faturar.         

   Ah, e minha pérola daqui a uns dias: vem aí a TV Jovem Pan. Pelo que sei dessa vez fez um caminho interessante, começou na produção de conteúdo audiovisual para disputar espaço nas redes sociais e agora batiza sua segunda aventura tele jornalística de oposição a tudo que se apresenta hoje nas grades televisivas/alternativas  no País.

Precisamos ver se o malfadado dinheiro que hoje existe no mercado anunciante dá para ser dividido com tantas opções, vai fazer chover no investimento desses dois novos “CANAIS” que foram inaugurados na pandemia.

O governo atual não vai bancar , enxergo que essa era a aposta da CNN Brasil e não aconteceu, e duvido a TV Jovem Pan  vai ser agraciada com verbas superiores a suas audiências, sem  estar nas principais operadoras de TV por assinatura ,lógico que na estreia virão os incautos e os amigos apoiarão.

Acredito que fizeram estudos sobre o quanto vai valer seu investimento e um tempo de retorno, sabendo é lógico que uma rádio não banca uma TV.

Existem inúmeros espaços a serem comercializados que jamais irão afetar a credibilidade de um jornalismo com pedigree , desde que a empresa inteira fale a língua que sobreviver com dignidade é a primeira opção a ser alcançada. 

Posso dizer que estou sempre na torcida por novos investimentos no mercado de conteúdo e sempre vejo caminhos a seguir e para viabilizar projetos novos. Hoje o comercial e o editorial dividem espaço na grade de programação e quem tiver o feeling de saber equilibrar esses pratos chega com folga a suas metas e pagará suas contas.

 

 

Brasil, 2020-2021.                 

     

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Celulares, emissoras de televisão, vacinas e o Marcos Tolentino

Gosto bastante de minha vida, para cada lugar que olho tem uma história para contar, para cada coisa que acontece tem um causo, uma constatação ou simplesmente um acontecimento que vivenciei como cidadão. Já devo ter contado que nossa equipe comercial da TV Gazeta de São Paulo foi a primeira em que cada um teve um celular. O meu comprei do Marcos Tolentino, sim, o mesmo da CPI das Vacinas e dono da Rede Brasil de Televisão. Poucos assistem porque as emissoras são em UHF e não estão nas plataformas de TV paga ( Net , Vivo, SKY , etc). Em 2006/2007, já falava para ele que emissoras de TV em breve teriam sua derrocada. Não entendi bem seus motivos de colocar dinheiro num poço sem fundo; na real seus cacifes políticos e seus sócios tiram dinheiro não põem . Lembro que morava no Brooklin Velho, bairro de SP, e era tão caro que o próprio Marcos levou o tijolo da Motorola em casa, a um preço de 1.500 dólares e já vinha com a linha da Telesp. Tolentino era anunciante da nossa TV e um batalhador. Pelo que sei, quebrou diversas vezes até ir para Curitiba e trabalhar numa banca de advocacia que hoje é sua. Desde que o reencontrei em meados de 2006, em Salvador, na companhia do Celso Russomano, hospedados com a família no chiquérrimo Hotel Pestana no Rio Vermelho, notei a mudança de classe social. Na primeira vez, logo após almoçarmos, fomos ver a construção de um apartamento que havia comprado na cidade, com 360° de visão do mar. Como já sabia de sua fixação nas emissoras, falei que aquilo que estava comprando não seria um bom negócio comercial em poucos anos e ele, em vez de querer falar comigo, se aproximou de minha mulher, que era nossa melhor apresentadora, mas não entendia nada de televisão. Em 2010, eu e minha ex rachamos, e Tolentino e ela tentaram uma parceria, primeiro em Salvador, num canal UHF da rede dele que nem satélite bom tinha, a emissora saía do ar dia sim dia também. E logo após, a mandou com salário de top de linha para Campo Grande MS, casa e carro alugado pela empresa. Em dois anos, ela já estava fora. Certo dia me ligou para perguntar, em sua primeira gravação de programa, o que eram os caracteres. Pediram para ela digitar. Em 2013, o Vagner Oliveira amigo meu e dono da NBC – Bureau de Mídia, me chamou para dar uma consultoria em Salvador e, para minha surpresa, fomos no avião do Tolentino fazer uma reunião com o dono, coronel e médico Luiz Macedo e também ex-deputado federal, apoiado pela igreja Universal do Edir Macedo e por Luiz Antônio Magalhães, que o colocou na Comissão de Telecomunicações. O coronel, além da TV, saiu com duas emissoras de rádio na região de Salvador (BA). Nesta reunião, acabei me aproximando do militar e, em poucos minutos de conversa, descobrimos que moramos na mesma casa na vila militar do Guarujá (SP) na praia das Pitangueiras, só que ele 10 anos antes de eu e meus pais. A minha vida deu tantas voltas e continua dando. O celular que comprei do Marcos Tolentino nunca deu problema e adiantou o lado nosso numa época em que ter celular era um luxo e agilidade para uma equipe pequena e que precisava de muita movimentação. Apesar de ser aposentado na vida comercial, virei um escritor de poesias, causos e projetos audiovisuais. As histórias ainda batem à minha porta. Sorte ao Marcos Tolentino nesta CPI dos horrores, nada que alguns empréstimos de seu avião de 6 lugares a políticos não possa lhe ajudar. Já a vacina Covacxin acho que não vai pro ar , bem parecida com a Rede Brasil que hora vai, hora não vai. Desta vez, pelas manchetes do jornalismo marrom, hoje tão comum nos noticiários das emissoras de televisão. São Paulo, 1996. Salvador, 2007. Brasília, 2021.