Há cerca de uns 20 dias, em reunião on-line com o executivo
responsável pela operadora de TV paga de um dos maiores grupos de comunicação
do País, descobri ser verdade que de 2018 para cá o número de assinantes caiu
de mais de 20 milhões (20.000.000) de domicílios para pouco mais de 13,7
milhões em 2022 e, com uma grave ressalva, os assinantes ininterruptamente
tentam negociar para baixo o valor de suas assinaturas.
Dezoito anos antes, em um congresso de TV paga, em
Florianópolis – dei uma palestra no Congresso Brasileiro de Pay TVs, convidado
pela Associação Brasileira de Televisão Universitária –, quando o secretário
nacional do setor palestrou, a discrepância era de perto de 2 milhões do número
dele e o do mercado, que era de cerca de 5 milhões, e a plateia suspirava a
cada enxadada errada discursada em cima do palco do teatro da universidade
federal de Floripa. Esse é um dos motivos dos quais ainda suspeitava de tal
derrocada. Há tempos atrás, era nítida a sonegação de impostos ou o velho golpe
de mentir nas circulações (revistas faziam isso) para captar mais recursos no
mercado publicitário. Não dava para distinguir qual era o truque da época, mas
que tinha um truque era óbvio.
Podemos pôr a culpa em que quisermos, na economia, nos
jovens, mas a grande janela que se abriu, ou se fechou, são as diversas formas
de se assistir a audiovisuais, se entreter com videogames e a infinidade de
exposição de conteúdo, que levou os consumidores a outras praias, antes
inexistentes.
Fico aqui pensando no tamanho do dinheiro movimentado de uma
janela para outra em pouco tempo, numa indústria que paga tecnologia em dólar.
O mais importante a se registrar é o tempo em que isso
ocorreu. Antes qualquer mudança durava 10 anos, 20 anos. Hoje, em 2 anos,
muda-se tudo.
Bilhões são arremessados às moscas, em equipamentos
obsoletos, formação e treinamentos de pessoal, ideias que gastam sem sair das
telas de computador.
Muito se fala em engenharia reversa para a indústria de
foguetes, mas sem computadores e os apps ela não funciona, e os computadores é
que fazem da comunicação a forma de entretenimento do momento.
Logo, logo, encontraremos elos perdidos em todos os lugares,
inclusive, ao abrirmos o refrigerador com a tão falada internet das coisas e
nos depararmos com a realidade aumentada do que hoje chamamos de peixe grande
(on-demand), que rouba a cena neste atabalhoado mundo sem fronteiras que não
espera mais nada.
São Paulo, agosto de 2022.
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