Trabalhar na DPZ era um barato (a)
Depois dos três primeiros
anos como assistente na TV Globo São Paulo, fui
convidado pelo Reinaldo Postolacchi para ser comprador de mídia na DPZ – integrei-me à equipe da
Lucélia, da Riva e do João Carlos. Naqueles anos,
éramos a número 1 do mercado; ganhávamos em faturamento das
multinacionais Mccann, JWT e Y&R. O João
saiu cedo e foi para a Manchete, que acabara de abrir, e em
seu lugar entrou o Manuel Nascimento, que veio
da NovaAgencia e a quem quero fazer uma homenagem aqui: foi um dos melhores profissionais de mídia do país, aprendi muito com o Mané.
Além de fazer seu trabalho, nos ajudava e
sempre foi fiel a seus clientes e às empresas em que
trabalhou; foi um dos mídia que fez a WBrasil do Washington
brilhar – ele entrou lá no início
da agência.
Nossa equipe recebia todos os veículos.
Lembro-me bem que o Magrão, como era
chamado o Reinaldo, pegava forte e fazíamos as
propostas girar na agência. Pesquisávamos o que
o mercado tinha de novo e achávamos tudo para o planejamento e a criação.
Fomos os primeiros a colocar bus door em quadricomia – deu a maior merda –, fomos
os primeiros a pôr anúncios coloridos na “Folha” – também deu
diversas merdas o Frias brigou comigo nos 3 primeiros
anúncios . Placas do JHavila nos estádios , comprávamos até sem
autorização do cliente, como na primeira final do sub-18,
quando compramos para o Itaú e a Vulcabrás porque
a Globo só decidira às 19h e a Tania, que
depois virou Nara (ousada aquela menina), nos procurou e,
numa loucura, compramos (Wilson Ferrari - Itaú e
Cauby Vasconcelos- Vulcabrás) sem os
clientes saberem. Eles viram no ar às 22h30min. Nossa
sorte foi que o Brasil ganhou, e a
audiência atingiu 45 pontos ou ainda mais. Lembro-me até de uma carta de um dos DPZs
falando de nossa ousadia e oportunidade – aquilo
também poderia ser a rua , mas não foi; foi digno de
elogios.
E o mercado sabendo disso, a
cada dia mandava mais propostas,
e tínhamos que começar cedo e terminar tarde,
todos os dias.
Era a época do pé de meia do
Itaú e tinha um cara que ligava todos os dias para a secretária,
a Sueli (lindona, mas com o Vaness vencido sempre),
e dizia que queria falar com o comprador de mídia do banco.
Como seu palavreado não era de veículo e
sim de mecânico de veículo, a Sueli o tesourava e
me contava, até que um dia pedi para passar a ligação e perguntei-lhe qual era a ideia, e ele me disse: “Se
lhe contar, não vou ter como receber de vocês”. Aí, eu falei: “É lógico!”. E ele nunca mais ligou.
A equipe de planejamento também tinha seus craques, o Flavio
Nara, o Paulo Onken, supervisores,
e os planejadores Vanderlei, Fernando Sales, Eliane Zacarias, Wilsinho Ferrari (devo estar esquecendo alguém, me desculpe). O
Valdemar Listenfeld, o diretor de mídia da agência que mais faturava no Brasil.
Como arriscávamos, todos queriam estar lá com seus projetos,
suas propostas, almoços –
todos queriam estar com os compradores da
DPZ.
Como vinha da Globo, nossas
reservas foram as primeiras que chegaram à Globo
com as SRTs (impresso de preenchimento manual). Para facilitar
a vida dos assistentes da Globo, já mandávamos prontas as planilhas, que eram montadas a partir das PIs que mandávamos. Isso
facilitava a entrada de nossas reservas; hoje é assim,
as reservas são feitas pelas próprias agências .
A vida era boa naquela época
de DPZ. O computador já existia,
mas não mandava na gente, e a gente ainda mandava no computador (rsrsrsrs).
Um belo dia, de tanto tentar marcar uma reunião com o comprador do Itaú, um certo sobrinho do dono da Le Postiche, que estava abrindo um departamento de brindes,
conseguiu .Usou o nome do Alfredo Luiz dos Santos ,gerente de
publicidade do Itaú .Nem consultei o Alfredo sabíamos o que cada um pensava e
eu estava ali para trabalhar.
Ele confundia mídia com mídia em brindes e não deixava de
ligar todos os dias.
Para não atrapalhar o dia, pedi
à Sueli para marcar
na segunda bem cedo, umas 8h30min, os veículos só chegavam a partir das 10h, na segunda.
Quando cheguei, o rapaz já
estava no sofá em frente às quatro minúsculas salas no primeiro andar da agência. Nós ficávamos de costas para a Cidade Jardim,
nas salas cabiam o comprador e no máximo dois vendedores;
quando um planejador participava da reunião, tinha que ficar em pé.
O rapaz estava com uma mala enorme de viagem, das maiores que existem.
Entramos na sala com aquela mala, o sobrinho e
eu. A sala pequena, tivemos que fechar a porta e aí ele começou a abrir aquela mala e tinha outra
dentro e diversos brindes dentro dela e aí o inesperado: duas grandes baratas saíram de dentro
daquelas malas, naquela sala pequena; um megabarulho,
e uma das cadeiras travou a porta, e a
secretária a Sueli tentando abrir a porta,
achando que estávamos brigando , até que conseguiu! E
nós dois, um colado na janela e o outro atrás da
porta aberta, e as duas baratas voadoras dentro
da sala.
Ele dizia que as baratas estavam na sala e eu dizia que as
baratas estavam dentro da mala. A Sueli também
entrou na discussão – e as baratas estavam
dentro das malas.
Rimos o dia inteiro desta aventura no 1° andar da DPZ. Eu jamais brigaria com um contato; foram eles que fizeram
nossos nomes no mercado. O barato ou a barata morreu
ali.
Recentemente, algumas agências colocaram mídias para atender veículos, mas
sem a magia daqueles tempos em que o barato era
atender a barata.
Imaginem todos estes nomes juntos ... so poderia virar hiostoria !!!! Bons tempos !!!!
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