Estávamos na TV Gazeta em 1996, a
equipe era ótima e meu amigo de longa jornada, o Stein, era o diretor de Publicidade.
Convidei-o para almoçar com o Paulo Oncken, na época diretor de Mídia da Johnson
& Johnson na Lowe , para quem um ano antes havíamos apresentado um
projetinho de veiculação no programa “Mulheres”.
Estamos falando de 1996, na terceira e até
então última vez que dirigi a TV Gazeta de São Paulo. Desta vez, quando fui
convidado, não queria ir sozinho e fiz meu acordo com o Luiz Fernando Taranto,
incluído o Luiz Carlos Stein como diretor de Publicidade, apostando que quem
estava nesse posto pedisse a conta, e foi o que aconteceu.
Em menos de seis anos fui para a TV
Gazeta tantas vezes e tantas vezes alavancamos seu faturamento acima dos dois
milhões de dólares mensais. Os tempos eram outros. Na primeira vez, havia
somente sete emissoras de TV e na última, em visita ao Paulo Camossa na Almap,
ele fez as contas de quantas emissoras já tinham equipes nas agências vendendo:
perto de quarenta, com as a cabo e as UHF já entrando para a disputa do
dinheiro que sobra da compra na Rede Globo.
Logo que entramos, escrevi um projeto
para a J&J, para a linha “Baby” de produtos para os nenéns, e levamos na
mídia, que na época era o Paulo Oncken – a agência era o Lowe.
Não foi para frente e continuamos
tocando nossa vida dentro da emissora paulistana, que não era fácil, e estava
ainda pior. Da vez anterior que havia
saído, o programa “Mulheres” dava quatro pontos no ibope; quando voltei, dava
só dois pontos e quem estava levando os outros dois pontos eram os clientes que
foram para a Ana Maria Braga. Como assim? É, na minha saída resolveram tirar
metade dos merchandisings do “Mulheres” e aí eles foram para o programa da Ana
na Record, e a audiência também. Acho que nem a Ana Maria sabe quem foi que a
alavancou no ibope (eu sei... rsrsrs).
Naquela mesma época, o Roberto Avallone
(dois prêmios Esso de jornalismo), que apresentava o “Mesa Redonda”, nosso
segundo programa em faturamento, ficou doente, e até a medica que cuidava dele
participava do programa, e a coisa estava feia por lá.
Mas trabalhamos muito e continuamos a
chegar às 8h da manhã, mantendo a regra do Claudio Carramacho, pela qual o mercado
me dava o crédito. Eu posso afirmar que adoro acordar às 8h e chegar à emissora
às 9h30min, mas regras são regras e quem chegava depois ia para o Pessoal, o RH.
Na TV Gazeta começamos a empregar o
fechamento todos os dias e as coisas que eram semanais ou até mensais passaram
a ter a rapidez dos jornais, que tinham seus fechamentos diários.
Nossa equipe era bem grande, tínhamos
uns quinze vendedores, quatro gerentes, dez contatos, o Stein e eu, a equipe de
Opec e Marketing – era um ótimo time. Vendíamos CNT-Gazeta, que significava,
além de SP estado, mais dezenove emissoras da CNT.
A história é sobre o projeto para a
linha “Baby” da J&J, que naquele primeiro ano não deu certo. Mas no ano
seguinte, em um almoço sem pretensões, o Stein fala ao Paulo sobre o projeto
apresentado um ano atrás, e ele disse que tinha sido bem lembrado e que seria o
momento de apresentá-lo.
O projeto era simples: as enfermeiras-padrão
do Einstein, já com um programa de apoio às mães com a J&J, iriam uma vez
por semana ao programa “Mulheres” e em quinze minutos ensinariam conceitos e dariam
dicas de como cuidar dos nenéns.
O Stein mandou de novo o projeto com
os custos reajustados e no desconto praticado. Uns vinte dias depois, umas 9h
da manhã, entram na minha sala o Gilberto Corazza e o Stein e dizem que o Paulo
está na J&J com os gerentes de produto da conta e que não têm 52 pautas
para as 52 semanas do ano. Neste momento, a equipe inteira na minha sala, eu
perguntei quanto tempo ainda ia demorar a reunião na J&J, e me disseram uns
quarenta minutos. Pedi para aguardarem que mandaria as pautas. Não deu outra! Na
época, só tinha três filhos, mas eles tinham acabado de sair da idade do
Hipoglos, das fraldas, dos cremes. Peguei
um papel e em pouco mais de vinte minutos escrevi as 52 pautas. Nem colocamos
no computador, foi à mão mesmo, por fax, para a J&J.
Ah, durante essa confusão toda, um
dos contatos, o Miro Modesto, atende o telefone e era a Adriana, assistente dos
contatos, dizendo que não viria porque estava tirando a segunda via da
identidade que perdera em um assalto, ninguém falou para mim. Os contatos escondiam quando a Adriana faltava,
ela era alcoólatra, mas ótima assistente, para marcar reunião dizia que seria
mandada embora se não a conseguisse. E já havia sido minha secretária durante
muitos anos, e estava com o “x” no peito comigo.
Quando estávamos mandando o fax para
a J&J, todos foram embora, inclusive a Tereza, minha secretária, que estava
na Opec passando o fax, e toca o meu telefone direto – o mesmo que o Miro havia
atendido – e eu atendo. Do outro lado da linha, um senhor bem-educado e
preocupado me diz: “Bom dia senhor! Eu aproveitei que sua funcionária saiu do
meu bar e apertei o repetir e o senhor atendeu. É uma pena esta menina novinha
aqui, jogada na calçada, bêbada e ninguém vai vir buscá-la”. Eu não entendi
nada, mas logo chamei o Miro e matamos a charada: era a Adriana! (É lógico que
o Miro tomou uma bronca e todos se viraram contra mim. Era a culpa do time e
não de um só, e eu era o bobão e só.)
Chamei um deles, o Ricardo Santos, e
pedi para ele ir buscar a Adriana e levá-la em casa. Coisa que fiquei sabendo dez
anos depois: quando ele chegou lá, ela ficou gritando e para que a polícia não
aparecesse, o Ricardo foi embora e ela ficou bêbada na Avenida da Consolação.
A história não termina aí. O projeto
J&J para a linha “Baby” no “Mulheres” foi comprado e com ele a equipe do
Paulo Oncken desenvolveu um case para Cannes no primeiro ano em que foi dado um
Leão para a mídia, e quem ganhou foi o Paulo Oncken na categoria TV e também na
categoria revista, com outro projeto na Vejinha .
É, sempre disse aos meus funcionários
que não basta trabalhar, e em publicidade temos que explicar tudo nos mínimos
detalhes antes de ir ao ar ou ser publicado, pode dar “dinamite”(leia o texto
Dinamite) ou um ouro em Cannes em um projeto bem resolvido como este .
Gosto da maneira como escreve, me senti lá na situação. Fiquei pensando nas mudanças enormes em relação as funções das enfermeiras o crescimento das Doulas e tantos outros processos importantes que amadureceram e o tanto que ainda temos que alcançar na figura feminina. Também fiquei atenta com agilidade em traçar um plano B para não deixar o cliente na mão. Mas o ponto forte que me deixou muito pensativa é a situação da secretaria, que triste. Fico pensando o que se passava dentro dela. E por fim a premiação que também nos faz pensar não só a competência de e quem escreveu o projeto mas a importância do assunto.
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