Muitos
falam que ser vendedor é nato. Mentira. Ainda que fosse, aprende-se muito com
bons professores. Alguns me ensinaram a arte de vender publicidade: Zelão,
vinha da escola/agência Salles, era o boa pinta do mercado e mudava de voz ao
falar com o presidente da Valisère ou com o português da Pullman. Um craque. Eu
trabalhava como assistente seu e de mais três contatos e escutava tudo o que
ele falava com agências e clientes. Lembro-me que, em um domingo, me ligou
falando de uma matéria de capa na Veja sobre o primeiro “Criança Esperança”. Trabalhávamos
há um mês e nada. Na segunda-feira fomos à rua e na quarta havíamos fechado
todas as cotas. Aquilo mudou minha vida.
Outro
professor foi Tarciso Guimarães, contato de classe ímpar, terno impecável e
organização notável. Era o maior propagador de minhas gírias no mercado de
agências e clientes: “degolou” (mandou embora) e “caiu balão” (chegou tudo ao
mesmo tempo). Eu estava na Rede Globo, tinha 23 anos e só pensava em mulher e
festa. Trabalhava feito um cão, 15 horas dia. Não poderia deixar de registrar, ainda, Walter
Nise, meu preferido. Esquecia de tudo, mas conhecia e agradava os clientes e agências
com seu jeito de ser. Esses três homens ganhavam em salário e comissão um carro
de luxo por mês, e eu os admirava, mas não só por isso.
Dispenso
um parágrafo inteiro para dois de meus gerentes: Carlos Missiroli e
Talardo José dos Santos. Carlos conhecia todo mundo. Vinha dos Associados, se
vestia como um lord e sua equipe o amava, inclusive eu. Nos desentendemos por
causa de uma garrafa de Wiborowa que ele havia tomado no almoço. Aliás, em
todos os almoços. Aprendi tudo com ele, principalmente que não se deve beber no
trabalho. Lembro-me também de Talardo. Éramos da Globo Minas, mas o mercado nos
via como outra qualquer. No dia em que voltei a São Paulo, para a Record (ainda
dos Machado de Carvalho), Talardo me perguntou o porquê. Disse-lhe, então, que eu
queria seu cargo e isso era difícil, pois ninguém faturaria mais que ele. Teria
que esperá-lo morrer para assumir a gerência. Desculpem-me Brito, Luiz Fernando,
Cláudio Carramacho e Orlando Marques. Tivemos ótimas histórias e aprendi muito
com todos. Um dia as conto em outro artigo.
Isso
tudo para falar da necessidade de pensarmos em uma faculdade de Negócios &
Vendas. É possível aprender a vender, bastam bons professores como os que nós
tivemos. Hoje existem diversos sftwares de gestão de vendas, mas a figura do
mestre sempre prevalecerá em nossas mentes. Cursos de vendas existem, mas me parecem
caça-níqueis que, supostamente, em dois ou três dias, formam alguém.
Vamos
ensinar a vender! Venho há tempos fazendo isso no mercado, mas acho que as
faculdades podem e devem investir na oferta desse bacharelado, envolvendo
disciplinas como Sociologia, Psicologia, Projetos, Marketing, Matemática,
Pesquisa, Mercadologia entre outras.
E
você leitor? Sua empresa precisa ou não de um de homem de negócios e vendas? Publicado
em julho 2010 CDM-Revista Imprensa.
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