quinta-feira, 14 de junho de 2012

Faltam professores ,faltam alunos.





Muitos falam que ser vendedor é nato. Mentira. Ainda que fosse, aprende-se muito com bons professores. Alguns me ensinaram a arte de vender publicidade: Zelão, vinha da escola/agência Salles, era o boa pinta do mercado e mudava de voz ao falar com o presidente da Valisère ou com o português da Pullman. Um craque. Eu trabalhava como assistente seu e de mais três contatos e escutava tudo o que ele falava com agências e clientes. Lembro-me que, em um domingo, me ligou falando de uma matéria de capa na Veja sobre o primeiro “Criança Esperança”. Trabalhávamos há um mês e nada. Na segunda-feira fomos à rua e na quarta havíamos fechado todas as cotas. Aquilo mudou minha vida.

Outro professor foi Tarciso Guimarães, contato de classe ímpar, terno impecável e organização notável. Era o maior propagador de minhas gírias no mercado de agências e clientes: “degolou” (mandou embora) e “caiu balão” (chegou tudo ao mesmo tempo). Eu estava na Rede Globo, tinha 23 anos e só pensava em mulher e festa. Trabalhava feito um cão, 15 horas dia.  Não poderia deixar de registrar, ainda, Walter Nise, meu preferido. Esquecia de tudo, mas conhecia e agradava os clientes e agências com seu jeito de ser. Esses três homens ganhavam em salário e comissão um carro de luxo por mês, e eu os admirava, mas não só por isso.

Dispenso um parágrafo inteiro para dois de meus gerentes: Carlos Missiroli e Talardo José dos Santos. Carlos conhecia todo mundo. Vinha dos Associados, se vestia como um lord e sua equipe o amava, inclusive eu. Nos desentendemos por causa de uma garrafa de Wiborowa que ele havia tomado no almoço. Aliás, em todos os almoços. Aprendi tudo com ele, principalmente que não se deve beber no trabalho. Lembro-me também de Talardo. Éramos da Globo Minas, mas o mercado nos via como outra qualquer. No dia em que voltei a São Paulo, para a Record (ainda dos Machado de Carvalho), Talardo me perguntou o porquê. Disse-lhe, então, que eu queria seu cargo e isso era difícil, pois ninguém faturaria mais que ele. Teria que esperá-lo morrer para assumir a gerência. Desculpem-me Brito, Luiz Fernando, Cláudio Carramacho e Orlando Marques. Tivemos ótimas histórias e aprendi muito com todos. Um dia as conto em outro artigo.

Isso tudo para falar da necessidade de pensarmos em uma faculdade de Negócios & Vendas. É possível aprender a vender, bastam bons professores como os que nós tivemos. Hoje existem diversos sftwares de gestão de vendas, mas a figura do mestre sempre prevalecerá em nossas mentes. Cursos de vendas existem, mas me parecem caça-níqueis que, supostamente, em dois ou três dias, formam alguém.

Vamos ensinar a vender! Venho há tempos fazendo isso no mercado, mas acho que as faculdades podem e devem investir na oferta desse bacharelado, envolvendo disciplinas como Sociologia, Psicologia, Projetos, Marketing, Matemática, Pesquisa, Mercadologia entre outras.

E você leitor? Sua empresa precisa ou não de um de homem de negócios e vendas? Publicado em julho 2010 CDM-Revista Imprensa.

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