Muitos podem falar o que quiserem sobre o grupo Bandeirantes,
o que eu sei é que hoje é o grupo mais multiplataforma do mercado, tem em seu currículo
diversos experimentos nos mais variados meios e veículos de comunicação e fez
muitos investimentos em novas tecnologias e mídias .
Desde o Sr. João Saad ao Johnny, a Bandeirantes, hoje Band,
sobrevive muito bem e lançou muitos profissionais no mercado, tanto nos
bastidores como na linha de frente do vídeo. Praticamente, todo mundo que faz
sucesso passou por lá.
Minha história se passa em 1997, quando fui convidado pelo
Orlando Marques para, pela primeira vez, trabalhar no Morumbi.
No início daquele ano, a chefia me chama em sua sala e me
oferece outro produto para que minha equipe trabalhasse. Tínhamos feito um
excelente trabalho( Marco Picollo, Mauricio Rollo e Gilberto Corazza) no
desmembramento do SP1 (emissora de São Paulo) da rede – já contei em outra
história – e estava ganhando o preto do vídeo, que aparece nos comerciais locais
quando estamos assistindo a TV via parabólica.
O Orlando, naquele momento, me dá uma missão e até uma ideia,
a de começar a mapear aquela emissora com uma empresa de televendas, que vendia
um controle remoto universal.
Eram perto de quatro milhões de parabólicas no Brasil vezes quatro
pessoas por domicílio, uma emissora um pouco maior que a cidade de São Paulo.
Não tinha verba e comecei a divulgar isso junto aos
jornalistas do meio, e o primeiro a sair com uma matéria foi o Adonis Alonso,
meu caro amigo até hoje, que também foi o primeiro a divulgar meu blog, o “semsura888”.
Foi fácil explicar para o Adonis, ainda não conhecíamos a Sky
e era comum irmos a um sítio ou uma pousada na praia, locais em que a
parabólica era a forma de assistirmos a TV.
Outros jornalistas na época do trade me ligaram, mas não
entenderam do que se tratava.
Dei a entrevista ao Adonis e o que ele sempre me perguntava
era quanto aquela emissora existente, mas não explorada, valeria. Eu, que já
conhecia sua tabuada, tinha um número na cabeça, que era o faturamento do SP1
da Band, que eu mesmo dirigia, e falei seis milhões de dólares.
Não me preocupei. O Adonis sempre foi ponta firme comigo,
nunca saiu nada que pudesse me ferrar quando dei alguma entrevista a ele.
Tinha tanto trabalho que nem fui conferir a Caderno
Propaganda. Na segunda, logo cedo, tínhamos reunião de Diretoria. Eram umas 11
horas da manhã, toca meu telefone e a secretária me manda ir à sala do Johnny
Saad. Achei o máximo presidente me chamando! Que legal (rsrsrs...)!
Quando cheguei lá, ele estava com o Caderno Propaganda na mão
e me mostrou a chamada da matéria: “O Homem de 6 milhões de dólares” com minha
foto do lado . Não me deu bronca nem elogio, só me disse que, em poucos meses,
minha meta seria seis milhões de dólares.
Eu era metido e continuei dando entrevistas e cavando motes
para vendermos mais. O que posso dizer é que a partir dali comecei a me
preocupar mais com os números que um dia poderiam me comprometer.
Ah, o que sai das mãos do Adonis pega! Até a Globo, que na
época não vendia o preto das parabólicas para não concorrer com os mercados
locais, hoje vende e bastante. Tem até telejornal que só vai nas parabólicas .
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