sábado, 18 de agosto de 2012

O Homem de 6 milhões de dólares


Muitos podem falar o que quiserem sobre o grupo Bandeirantes, o que eu sei é que hoje é o grupo mais multiplataforma do mercado, tem em seu currículo diversos experimentos nos mais variados meios e veículos de comunicação e fez muitos investimentos em novas tecnologias e mídias .
Desde o Sr. João Saad ao Johnny, a Bandeirantes, hoje Band, sobrevive muito bem e lançou muitos profissionais no mercado, tanto nos bastidores como na linha de frente do vídeo. Praticamente, todo mundo que faz sucesso passou por lá.
Minha história se passa em 1997, quando fui convidado pelo Orlando Marques para, pela primeira vez, trabalhar no Morumbi.
No início daquele ano, a chefia me chama em sua sala e me oferece outro produto para que minha equipe trabalhasse. Tínhamos feito um excelente trabalho( Marco Picollo, Mauricio Rollo e Gilberto Corazza) no desmembramento do SP1 (emissora de São Paulo) da rede – já contei em outra história – e estava ganhando o preto do vídeo, que aparece nos comerciais locais quando estamos assistindo a TV via parabólica.
O Orlando, naquele momento, me dá uma missão e até uma ideia, a de começar a mapear aquela emissora com uma empresa de televendas, que vendia um controle remoto universal.
Eram perto de quatro milhões de parabólicas no Brasil vezes quatro pessoas por domicílio, uma emissora um pouco maior que a cidade de São Paulo.
Não tinha verba e comecei a divulgar isso junto aos jornalistas do meio, e o primeiro a sair com uma matéria foi o Adonis Alonso, meu caro amigo até hoje, que também foi o primeiro a divulgar meu blog, o “semsura888”.
Foi fácil explicar para o Adonis, ainda não conhecíamos a Sky e era comum irmos a um sítio ou uma pousada na praia, locais em que a parabólica era a forma de assistirmos a TV.
Outros jornalistas na época do trade me ligaram, mas não entenderam do que se tratava.
Dei a entrevista ao Adonis e o que ele sempre me perguntava era quanto aquela emissora existente, mas não explorada, valeria. Eu, que já conhecia sua tabuada, tinha um número na cabeça, que era o faturamento do SP1 da Band, que eu mesmo dirigia, e falei seis milhões de dólares.
Não me preocupei. O Adonis sempre foi ponta firme comigo, nunca saiu nada que pudesse me ferrar quando dei alguma entrevista a ele.
Tinha tanto trabalho que nem fui conferir a Caderno Propaganda. Na segunda, logo cedo, tínhamos reunião de Diretoria. Eram umas 11 horas da manhã, toca meu telefone e a secretária me manda ir à sala do Johnny Saad. Achei o máximo presidente me chamando! Que legal (rsrsrs...)!
Quando cheguei lá, ele estava com o Caderno Propaganda na mão e me mostrou a chamada da matéria: “O Homem de 6 milhões de dólares” com minha foto do lado . Não me deu bronca nem elogio, só me disse que, em poucos meses, minha meta seria seis milhões de dólares.
Eu era metido e continuei dando entrevistas e cavando motes para vendermos mais. O que posso dizer é que a partir dali comecei a me preocupar mais com os números que um dia poderiam me comprometer.
Ah, o que sai das mãos do Adonis pega! Até a Globo, que na época não vendia o preto das parabólicas para não concorrer com os mercados locais, hoje vende e bastante. Tem até telejornal que só vai nas parabólicas .     

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