sábado, 8 de dezembro de 2012

Luma e Ike. Quase paguei a conta.


A casa de Ike Batista e Luma de Oliveira era o sonho de consumo de muita gente e acabou sendo uma briga entre meu sócio e eu.
Um dia, em 2003, cheguei de Salvador e meu sócio me disse que eu ficasse no escritório para conversarmos sobre um grande projeto ainda para aquele ano. Fiquei feliz, já era final de setembro e as surpresas são poucas para quem tem uma estrutura armada e cheia de repetições ano a ano.
Fiquei aguardando sua chegada e fomos almoçar. Já no caminho ele me conta que iria naquela semana ao Rio de Janeiro na casa da Luma e do Ike. A Editora Abril, em sua área de projetos, nos indicou para fazer com eles a revista da Princesa do Carnaval, a Luma de Oliveira.
Achei legal e perguntei se deveríamos aprontar algum projeto. Ele me disse que depois da reunião, que seria na próxima semana, faríamos o projeto.
O poderoso homem do petróleo e dos minérios ainda não era o mais rico – era quase. Ficamos dias falando do novo negócio, contatamos até alguns amigos para tentar ver se sairia alguma coisa de outubro a fevereiro e vimos que a coisa seria difícil, mas não impossível.
Enfim, chega o dia! O Ricardo Santos vai para o Rio, o irmão da Luma o pega no aeroporto, almoçam e vão pra reunião com a mulher dos sonhos. O Ricardo falou dela uns três meses – não falou mais pelo motivo desta história.
Tudo era uma maravilha na volta a São Paulo. A casa dos dois era num morro que tinha vista para Barra. Foi uma tarde inteira de reunião, um céu azul e a praia ao fundo, que fiquei até com água na boca. Fora o mulherão que esteve presente o tempo todo. Pelo que me lembro, o Ike não participou disse o Ricardo.
Tínhamos que ser rápidos. Já era meados de outubro e o Carnaval do próximo ano seria em meados de fevereiro. Tínhamos pouco mais de 60 dias para vender a revista da Princesa do Carnaval, e não seria fácil.
O projeto e mote comercial saíram rapidamente, e como era para uma das maiores fortunas do Brasil, caprichamos na apresentação. Em função do tempo e da qualidade, cobramos um fee mensal para garantir dedicação por 60 ou 70 dias com todo o vapor.
O meu sócio foi para o Rio e na volta me contou que eles não queriam ter lucro com a revista. Pagaríamos a Abril e o restante do dinheiro seria nosso. A responsa dos custos seria nossa também.
Não é a toa que o cara se tornou um dos mais ricos do mundo.  Ele estava fazendo a graça com a Luma e quem ia pagar, se desse errado, era eu (rsrsrs...).
Este assunto ficou uns 20 dias em pauta na HV2 /AEconomia, e até na TV Salvador correu o assunto. Luma e Ike não são para qualquer um! Vira até argumento de vendas.
O Ricardo queria até pôr um dinheiro bem pequeno de fee mensal. Até discutimos um dia, pois ele dizia que eu estava míope e respondi: “Você me garante dez páginas, que eu topo”. E ele disse: “Você sabe que não posso garantir”.
Mais uma ligação dele para o irmão da Luma e, aí, veio a notícia: o Ike não abriria mão de sua proposta. Nós não abrimos mão da nossa e o negócio não rolou. Brigamos várias vezes em novembro e dezembro sobre o caso Luma.
Sorte minha, que chegaram o Natal e as festas e fiquei de férias, trabalhando em Salvador (rsrsrs...). Só voltei lá pelo fim de janeiro.
Quando cheguei, nem lembrava mais da Luma, e o Ricardo levantou e jogou um jornal em cima da minha mesa. A manchete: “Bombeiro apaga o fogo na casa da Luma de Oliveira”. E a matéria conta todo o caso dela com o bombeiro.
Imagine! Nós estaríamos no olho do furacão, fazendo a revista sem receber nada e com o mico na mão, contrato com a Abril e a equipe que teríamos que formar.
Às vezes, os incêndios podem ser maiores do que imaginamos. E a sorte também! O Ike sempre tem sorte. Eu tenho às vezes.

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