A casa de Ike Batista e Luma de Oliveira era o sonho de
consumo de muita gente e acabou sendo uma briga entre meu sócio e eu.
Um dia, em 2003, cheguei de Salvador e meu sócio me disse que
eu ficasse no escritório para conversarmos sobre um grande projeto ainda para
aquele ano. Fiquei feliz, já era final de setembro e as surpresas são poucas
para quem tem uma estrutura armada e cheia de repetições ano a ano.
Fiquei aguardando sua chegada e fomos almoçar. Já no caminho
ele me conta que iria naquela semana ao Rio de Janeiro na casa da Luma e do Ike.
A Editora Abril, em sua área de projetos, nos indicou para fazer com eles a
revista da Princesa do Carnaval, a Luma de Oliveira.
Achei legal e perguntei se deveríamos aprontar algum projeto.
Ele me disse que depois da reunião, que seria na próxima semana, faríamos o
projeto.
O poderoso homem do petróleo e dos minérios ainda não era o
mais rico – era quase. Ficamos dias falando do novo negócio, contatamos até
alguns amigos para tentar ver se sairia alguma coisa de outubro a fevereiro e
vimos que a coisa seria difícil, mas não impossível.
Enfim, chega o dia! O Ricardo Santos vai para o Rio, o irmão
da Luma o pega no aeroporto, almoçam e vão pra reunião com a mulher dos sonhos.
O Ricardo falou dela uns três meses – não falou mais pelo motivo desta
história.
Tudo era uma maravilha na volta a São Paulo. A casa dos dois
era num morro que tinha vista para Barra. Foi uma tarde inteira de reunião, um céu
azul e a praia ao fundo, que fiquei até com água na boca. Fora o mulherão que
esteve presente o tempo todo. Pelo que me lembro, o Ike não participou disse o
Ricardo.
Tínhamos que ser rápidos. Já era meados de outubro e o Carnaval
do próximo ano seria em meados de fevereiro. Tínhamos pouco mais de 60 dias
para vender a revista da Princesa do Carnaval, e não seria fácil.
O projeto e mote comercial saíram rapidamente, e como era
para uma das maiores fortunas do Brasil, caprichamos na apresentação. Em função
do tempo e da qualidade, cobramos um fee mensal
para garantir dedicação por 60 ou 70 dias com todo o vapor.
O meu sócio foi para o Rio e na volta me contou que eles não queriam
ter lucro com a revista. Pagaríamos a Abril e o restante do dinheiro seria
nosso. A responsa dos custos seria nossa também.
Não é a toa que o cara se tornou um dos mais ricos do mundo. Ele estava fazendo a graça com a Luma e quem
ia pagar, se desse errado, era eu (rsrsrs...).
Este assunto ficou uns 20 dias em pauta na HV2 /AEconomia,
e até na TV Salvador correu o assunto. Luma e Ike não são para qualquer um! Vira
até argumento de vendas.
O Ricardo queria até pôr um dinheiro bem pequeno de fee mensal. Até discutimos um dia, pois
ele dizia que eu estava míope e respondi: “Você me garante dez páginas, que eu
topo”. E ele disse: “Você sabe que não posso garantir”.
Mais uma ligação dele para o irmão da Luma e, aí, veio a notícia:
o Ike não abriria mão de sua proposta. Nós não abrimos mão da nossa e o negócio
não rolou. Brigamos várias vezes em novembro e dezembro sobre o caso Luma.
Sorte minha, que chegaram o Natal e as festas e fiquei de
férias, trabalhando em Salvador (rsrsrs...). Só voltei lá pelo fim de janeiro.
Quando cheguei, nem lembrava mais da Luma, e o Ricardo levantou
e jogou um jornal em cima da minha mesa. A manchete: “Bombeiro apaga o fogo na
casa da Luma de Oliveira”. E a matéria conta todo o caso dela com o bombeiro.
Imagine! Nós estaríamos no olho do furacão, fazendo a revista
sem receber nada e com o mico na mão, contrato com a Abril e a equipe que
teríamos que formar.
Às vezes, os incêndios podem ser maiores do que imaginamos. E
a sorte também! O Ike sempre tem sorte. Eu tenho às vezes.
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