Estes dias estive com a minha amiga Adélia Franceschini e lembrei-me
de uma das melhores histórias sobre administração familiar em veiculo de
comunicação.
A Adélia saiu da Abril e foi para o Estadão com a equipe do Orlando
Marques e do Augusto Nunes.
Foi a modernização do parque gráfico, assinaturas e muitas
inovações e trapalhadas, mas o importante é que o jornal deu um salto – vinha
apanhando da Folha e isso para o jornalismo não era bom.
Pouco tempo antes, a Folha lançou seu classificado. O Estadão
percebeu que seus anúncios estavam sendo clonados e preparou uma armadilha, colocou
um classificado com o telefone do próprio Estadão. A Folha caiu e publicou o anúncio,
escancarando a farsa. Lembram? Foi um escândalo e ninguém da Folha falou um “a”.
A cartilha da Folha é perto da de Maquiavel, venderam até
assinatura vitalícia na época do seu Frias, e não entregaram, é lógico.
Aí, começou uma batalha que chega à contratação desse time de
peso na marginal Tietê.
O marketing atuante e remexendo tudo, criação, cor, anúncios,
comercial, formatos e logística.
A entrega dos jornais, que começa na madrugada, com diversos
caminhões nos píers, carregando os jornais para São Paulo e o resto do Brasil, e
o pátio numa escuridão enorme. As luzes todas apagadas, e a equipe da Adélia,
vendo aquilo, pergunta ao responsável:
– Senhor, estas luzes apagadas não atrapalham o carregamento
dos jornais?
– Sim, senhora! Mas o seu Ruy Mesquita mandou que fosse feito
assim.
O Ruy Mesquita grande
símbolo do Grupo Estadão e durante muito
tempo garantiu a ética e um tipo de governança editorial.
A Adélia, diretora de mkt, teria que perguntar ao seu Ruy o porquê
daquela ordem. O Estadão era único, a família mandava, mas era muito desunida.
Até que o dia chegou, e ela, em reunião da qual o seu Ruy participava,
perguntou:
– Seu Ruy, por que na saída do jornal nosso pátio, na madrugada,
tem que estar no escuro?
E ele pergunta:
– Como, no escuro?
A Adélia explica e ele, atônito, conta:
– Adélia, há uns 20 anos fui lá no pátio às 11 horas da manhã
e as luzes estavam todas acesas. Aí, mandei apagar.
A ordem foi cumprida até de noite durante esse tempo todo (rsrsrs...).
O Estadão hoje é outra empresa. Estamos falando de 1989 aproximadamente,
mas acredito que muita gente ainda no mercado carrega seu conteúdo no escuro.
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