Em 1992 sai da editora Globo direto para a TV Gazeta, que
vinha de uma associação com o grupo de Curitiba OM – Organizações Martinez, da
era Collor de Mello. O negócio acabou e já contei aqui a questão das
duplicatas, triplicatas.
Mas a TV Gazeta precisava não ser mais só São Paulo e naquele
momento a fragilidade da rede de Curitiba podia ser um bom negócio para a
Fundação Cásper Líbero. Para trabalhar lá acertei que o nome não mas poderia
ser OM, e aí nasceu a CNT.
Fui e voltei três vezes para a Gazeta verão o por quê na
história engraçada da qual um ícone da televisão brasileira participou quando
estava no Canal 21, do Grupo Bandeirantes, e espalhou para o mercado todo no
ano 2000.
Estava superbem no Canal 21, feliz, faturando bem – em 2000,
foram dez milhões, e pagou a conta naquele ano .
A Gazeta e a CNT haviam se separado e o José Martinez já
tinha seu canal em São Paulo há um ano. É quando começa minha crônica .
Eles da CNT, apesar de termos muitas diferenças, gostavam de
trabalhar comigo e nos dávamos até aquele momento muito bem.
Fui convidado para uma conversa na sede deles ali na Alameda
Santos. Quando cheguei, me colocaram em uma sala de reunião e logo foram
entrando os familiares: Oscarzinho, Flávio e o Zé Martinez.
Brincamos, me contam que agora estavam superbem e que queriam
me contratar. Ponderei que gostava bastante de onde estava e que para sair a
proposta deveria ser muito boa. Sem pestanejar me perguntaram quanto ganhava e
eu disse o valor. Pediram para eu sair e tomar um café e me chamaram me
oferecendo U$ 50.000,00 mensais. Fiquei até emocionado. Ganhava 60% daquilo;
era bastante dinheiro e pedi uns dias para pensar.
Na saída encontro um jornalista do trade entrando na
emissora, que contou que eu estava lá para algumas pessoas e, aí, a “Rádio Rua”
resolveu a enrascada em que me meti.
Naquela época, umas duas a três vezes por semana, almoçávamos
juntos o Juca Silveira, diretor geral do 21 e meu chefe, o Rubens Furtado, às
vezes a Cláudia Alcântara, diretora
administrativa, José Occhiuso, diretor de jornalismo, Luciano Cury – os
diretores do 21 .
E em um desses almoços, na frente de todos, o Rubens me
pergunta por que havia recebido uma proposta tão boa da CNT e não havia ido?
Eu, meio sem pensar, respondi que não podia não receber
aquele dinheiro todo. Quem estava no almoço nem notou; um ou outro deram risada e aquilo morreu ali.
O Rubens, grande contador de “causos”, falou até pro Johny
Saad e a história percorreu todo mercado. Os CNTs tinham a fama de não cumprir
os contratos, mandavam o dinheiro que fosse, mas para receber depois era um
sufoco.
Lembro do início, em 1992, do Marcio Loducca e do Gilberto
Corazza , oriundos da OM, na festa de inauguração da parceria, no teatro de
Arame, com o Clodovil Hernandez dando início à parceria CNT-GAZETA. Hélio
Sileman dirigindo, mais Eduardo Lafon, grande figura, na direção geral.
Ficaram para receber um cheque que só chegou a poucos minutos
do embarque do avião para São Paulo. Quando estavam no avião, viram que a data
era do ano anterior e aquele “borracha” nunca foi compensado (rsrsrs...).
Depois de anos, fui descobrir o motivo pelo qual o
excepcional Rubens Furtado, parte da história da TV brasileira, achou aquilo
tão engraçado, conforme meu amigo Juca me contou anos depois.
Rubens contava com muita graça, como sempre, uma história
parecida.
Ele trabalhava na TV Tupi do Rio e o diretor geral era um
pernambucano talentosíssimo e muito engraçado, Nereu Bastos. Nereu tinha um
tique de bater seguidamente com o lápis sobre a mesa enquanto falava. Quanto
mais nervoso, mais o lápis sofria... Pois na época em que se passa a história,
verídica ¬– claro –, a Tupi já tinha problemas financeiros para manter os salários
em dia.
O grande autor de teatro e televisão Paulo Pontes trabalhava
lá e recebeu um convite para mudar-se para a Globo, que ainda não era a
potência em que se transformou depois... Pontes, na Tupi, ganhava o equivalente
a 10 mil dólares e o convite da Globo era para ele ganhar o dobro. Sabendo que
Pontes sairia da Tupi, Nereu o chamou em sua sala e foi logo dizendo,
gaguejando, como sempre fazia, e batendo o lápis como um pica-pau: “Ô, Lô
Pontes (apelido maldoso dado pelos colegas, já que Paulo era casado com Bibi
Ferreira e diziam que só havia restado o Lô...), rapaz, rapaz, rapaz você não
vai sair da Tupi. Não rapaz! Que é isso? Isso é uma aventura. Fique aqui,
rapaz, fique aqui que eu lhe pago os mesmos 20 mil dólares que te ofereceram”.
Paulo coçou a cabeça e respondeu, na lata: “Seu Nereu, não dá
não... 10 mil dólares eu posso ficar sem receber, mas 20 mil dólares, não
dá...”.
E lá foi o Lô para a Globo!
Muitos foram os almoços com o Rubens. Alguém deveria escrever
um livro sobre as histórias dele. Engate uma primeira aí Juca, você tem o repertório dele todo!
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