segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Pau no Curtume - Editora Globo 1992


Era 1992, antevéspera de Carnaval, quinta-feira. Fomos almoçar em um restaurante japonês ali na Leopoldina, um dos primeiros japas da cidade. Bem perto da editora Globo, na época, ali na Lapa.
A turma era grande:  Antonio Valério (o Tonhão), Pedro Barbastefano ,  Luiz Carlos Stein, Jeferson Teani  Fullen, Marcio Maffei,Izabel Amorin, Andréa Citrini ,  Alessandra Miguel, Luciana, Alessandra Miguel, Bel Borba, Márcia ­­­– me desculpe,  nessa, com certeza ,esqueci de alguém.  Acabou o almoço, as contatas foram trabalhar, nós ficamos no restaurante e tomamos mais de cinco garrafas de saquê – e aí rolou a ideia! Vamos fazer amanhã à tarde o Carnaval do Curtume!!.
Todos já bebaços  e a genialidade do Tonhão, que logo pegou um papel com o garçom, e dali em mais de 8 escrevemos um samba enredo,  “ Quem não gosta que se arrume - Pau no Curtume” – esse era,  só o refrão. O sambão saiu com quatro estrofes e muita alegria.
O Tonhão, nosso diretor de Marketing na editora, já rabiscou o estandarte da porta-bandeira, que foi a Alessandra Miguel (até hoje na editora; estes dias, vi que ela ganhou uma homenagem de seus 20 anos de contribuição), a faixa de abertura do bloco , éramos mais de cem e paramos a rua .Lembro de alguns além dos que estavam no restaurante um dia antes Renato Scolamieri, Wagner, Elazir do Egito, Sodré, Arlete, Brás, Ana Lucia, Marco Aurélio Cinque .
Quando acabou o almoço, eu tinha a função de arrumar o estandarte e as duas faixas, e saí na captura em São Paulo, quase parando para o Carnaval.
Para quem trabalhou lá na Lapa, os prédios onde ficava a editora tomavam a quadra toda, até o trailer, que era o bar da rua. Além da editora Globo, havia os funcionários da Maurício de Souza e uma parte nas duas extremidades da editora Abril, onde a Exame era a única em que o comercial funcionava ali ( e eles ficaram admirando a festa das janelas ). Ninguém desceu para participar; o pessoal da Maurício desceu e dançou com a gente.
Garantimos que o bar/trailer estaria funcionando . O Tonhão, um dos caras mais alegres que conheci , não merecia aquela covardia, anos depois, na Joaquim Floriano. A violência já imperava em São Paulo, e ele e o Barbastefano,  numa madrugada , ganharam um tiro cada um – o Tonhão morreu;  o mercado perdeu um gênio.
Como o José Roberto Sgarbi era o diretor-geral e os três que mandavam estavam ali  – o Stein, o Tonhão e o Pedro –,  as coisas funcionaram perfeitamente .
Lá pelas 17 horas, todos descemos e, é claro, que naquele dia ninguém faltou. Era uma época que até a véspera vestíamos terno e gravata.
Tomamos os cem metros como uma escola de samba e fomos e voltamos na rua.... até o trailer onde pegávamos as bebidas.
O Carnaval era completo, cada um com a letra na mão. Trouxeram um tambor, uns dois pandeiros e aí a festa rolou.
Como a editora era o paraíso da mulherada, a coisa ficou bonita, cheia de alegria e colírio.
Lembro que perdi até o blazer que vestia naquele dia.
Chegamos todos para lá de Bagdá em casa e, é lógico, poucos contaram às mulheres (rsrsrs...). Foi a véspera de Carnaval mais alegre que já vivi.
Fora este só me lembro de meu último ano de Salvador, em 2009. Meu escritório, o da TV Salvador, fora assaltado às 17 horas da sexta, véspera. Eu tinha acabado de chegar de São Paulo com a mala e uma linda mochila da Warner que o Mauricio Rollo Ribeiro me dera naquela semana, em São Paulo – e além de ficar duas horas com os funcionários, ainda fui refém no meu carro por mais duas horas daqueles dois loucos que entraram na TV Salvador pensando que era o andar do grupo Cheiro de Amor. Era dia de compra e entrega de Abadas e como assalto não dá para ser cancelado, os quatro funcionários que ainda estavam lá, eu e minha segunda ex-mulher fomos reféns. Passei o pior Carnaval de minha vida. A única coisa que consegui foi dividir com os bandidos as lança-perfumes argentinas que trazia de São Paulo e que estavam na minha mala. Meus amigos baianos achavam que havia perdido todas no assalto.
Ah, o ruim foi explicar à delegada aquele cheiro de perfume no meu carro, quando o sequestro acabou (rsrsrs...)!
Já o Carnaval do Curtume, agora, ficou registrado para a história. E duvido de que aquela rua cheia de armazéns e fábricas um dia repetirá a alegria de um dos melhores lugares em que trabalhei na minha vida.

 

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