Era 1992, antevéspera de Carnaval, quinta-feira. Fomos
almoçar em um restaurante japonês ali na Leopoldina, um dos primeiros japas da
cidade. Bem perto da editora Globo, na época, ali na Lapa.
A turma era grande: Antonio
Valério (o Tonhão), Pedro Barbastefano ,
Luiz Carlos Stein, Jeferson Teani Fullen, Marcio Maffei,Izabel Amorin, Andréa Citrini , Alessandra Miguel, Luciana, Alessandra Miguel,
Bel Borba, Márcia – me desculpe, nessa, com certeza ,esqueci de alguém. Acabou o almoço, as contatas foram trabalhar,
nós ficamos no restaurante e tomamos mais de cinco garrafas de saquê – e aí rolou
a ideia! Vamos fazer amanhã à tarde o Carnaval do Curtume!!.
Todos já bebaços e a
genialidade do Tonhão, que logo pegou um papel com o garçom, e dali em mais de
8 escrevemos um samba enredo, “ Quem não
gosta que se arrume - Pau no Curtume” – esse era, só o refrão. O sambão saiu com quatro estrofes
e muita alegria.
O Tonhão, nosso diretor de Marketing na editora, já rabiscou
o estandarte da porta-bandeira, que foi a Alessandra Miguel (até hoje na editora;
estes dias, vi que ela ganhou uma homenagem de seus 20 anos de contribuição), a
faixa de abertura do bloco , éramos mais de cem e paramos a rua .Lembro de
alguns além dos que estavam no restaurante um dia antes Renato Scolamieri,
Wagner, Elazir do Egito, Sodré, Arlete, Brás, Ana Lucia, Marco Aurélio Cinque .
Quando acabou o almoço, eu tinha a função de arrumar o
estandarte e as duas faixas, e saí na captura em São Paulo, quase parando para
o Carnaval.
Para quem trabalhou lá na Lapa, os prédios onde ficava a
editora tomavam a quadra toda, até o trailer, que era o bar da rua. Além da
editora Globo, havia os funcionários da Maurício de Souza e uma parte nas duas
extremidades da editora Abril, onde a Exame era a única em que o comercial
funcionava ali ( e eles ficaram admirando a festa das janelas ). Ninguém desceu
para participar; o pessoal da Maurício desceu e dançou com a gente.
Garantimos que o bar/trailer estaria funcionando . O Tonhão,
um dos caras mais alegres que conheci , não merecia aquela covardia, anos depois,
na Joaquim Floriano. A violência já imperava em São Paulo, e ele e o Barbastefano, numa madrugada , ganharam um tiro cada um – o
Tonhão morreu; o mercado perdeu um
gênio.
Como o José Roberto Sgarbi era o diretor-geral e os três que
mandavam estavam ali – o Stein, o Tonhão
e o Pedro –, as coisas funcionaram
perfeitamente .
Lá pelas 17 horas, todos descemos e, é claro, que naquele dia
ninguém faltou. Era uma época que até a véspera vestíamos terno e gravata.
Tomamos os cem metros como uma escola de samba e fomos e
voltamos na rua.... até o trailer onde pegávamos as bebidas.
O Carnaval era completo, cada um com a letra na mão. Trouxeram
um tambor, uns dois pandeiros e aí a festa rolou.
Como a editora era o paraíso da mulherada, a coisa ficou
bonita, cheia de alegria e colírio.
Lembro que perdi até o blazer que vestia naquele dia.
Chegamos todos para lá de Bagdá em casa e, é lógico, poucos
contaram às mulheres (rsrsrs...). Foi a véspera de Carnaval mais alegre que já
vivi.
Fora este só me lembro de meu último ano de Salvador, em 2009.
Meu escritório, o da TV Salvador, fora assaltado às 17 horas da sexta, véspera.
Eu tinha acabado de chegar de São Paulo com a mala e uma linda mochila da Warner
que o Mauricio Rollo Ribeiro me dera naquela semana, em São Paulo – e além de
ficar duas horas com os funcionários, ainda fui refém no meu carro por mais duas
horas daqueles dois loucos que entraram na TV Salvador pensando que era o andar
do grupo Cheiro de Amor. Era dia de compra e entrega de Abadas e como assalto
não dá para ser cancelado, os quatro funcionários que ainda estavam lá, eu e
minha segunda ex-mulher fomos reféns. Passei o pior Carnaval de minha vida. A
única coisa que consegui foi dividir com os bandidos as lança-perfumes argentinas
que trazia de São Paulo e que estavam na minha mala. Meus amigos baianos
achavam que havia perdido todas no assalto.
Ah, o ruim foi explicar à delegada aquele cheiro de perfume
no meu carro, quando o sequestro acabou (rsrsrs...)!
Já o Carnaval do Curtume, agora, ficou registrado para a história.
E duvido de que aquela rua cheia de armazéns e fábricas um dia repetirá a
alegria de um dos melhores lugares em que trabalhei na minha vida.
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