Era início de 1996 ou por aí e acabara de ser contratado
pela Nambei chilena e pelo grupo Meio e Mensagem para lançar a revista “América
Economia” no Brasil (dezessete anos depois fui sócio da revista por nove anos –
outras histórias).Nambei e Grupo M&M
eram sócios.
O Sales Neto arrumou de nossa agência de publicidade ser a
DM9 e achei bem legal ter uma porta escancarada lá com meu amigo Paulo Queiroz
o diretor geral de mídia – o Nizan era
detalhe naquele momento. A pressão era forte , era minha primeira experiência
Full América Latina e posso dizer de um profissional do mercado publicitário.
Lembro-me de que poucos tinham celular e em uma reunião de
briefing na DM9, da qual até o Nizan participou, meu celular tocou umas dez
vezes. Isso era fim de janeiro e lançaríamos a revista em português em março, e
estávamos pertíssimos do fechamento. O Sales Neto, na décima ligação, me dá uma
bronca e pede para não mais atender celular. Fiquei bravo, mas entendi e
desliguei. Duvido hoje que ele desligue o dele em reunião, mas patrão é patrão
e gosto dele, que sempre me tratou muito bem, salvo aquele dia.
A campanha da agência foi um show e o lançamento da revista
outro show de publicidade. A primeira página havíamos vendido dia 22 de
dezembro 95 (fui contratado dia 12 12 95) para a Amex e quem autorizou foi o
Luiz Carlos Pereira – pagou antecipadamente
três paginas, lembro-me de que quando fechamos a primeira edição , na segunda
já tínhamos o dobro de páginas.Isabel Amorin craquissima linda e ainda falava inglês . espanhol e
francês, e a Rosa Helena a Gaúcha muito
relacionamento nas agencias cada uma era de um jeito as duas muitos boas .
As coisas iam bem e eu tinha porta aberta na agência do Paulo,
mas nunca exagerei, apesar da insistência dos chefes (Sabe, né? Veículo, quando
tem agência grande, chega a encher o saco dos mídias. Quem é ou foi patrão com
agência grande sabe disso... rsrsrsrs.)
O bom ali eram as informação de um mundo novo, falar com o
escritório de Miami quase todo dia em portunhol, ou com o Chile . Viajar! Ah,
viajar... Estava indo para o lançamento em Miami com o Nils Strandeberg, o
Sales Neto e nosso editor. Na porta do hotel o Neto tira uma comigo: “Fique bem
perto da gente para te apresentarmos umas pessoas”. Mas já na fila do check in apresentei dois mídias para meu
grupo, um era o Otávio, que tinha sido da Grey Brasil e estava numa grande agência
em Nova York, o outro não me lembro era uma mídia de Chicago . No final, os
vendedores de “América Economia” em Miami ficaram no meu pé para conhecerem
meus amigos lá... rsrsrsrs.
Quem fez a palestra de abertura foi o Nizan Guanaes – que
arrasou – para uma bela plateia de umas quinhentas pessoas full também. Ficamos apenas dois dias lá, mas foi minha primeira
experiência internacional.
Tudo isso foi no início de janeiro e já estávamos no
fechamento da primeira edição e nada de uma página da DM9. Marquei uma reunião
com o com um dos diretores de mídia da agencia para pedir penico, não pela
grana, mas pela pressão. (Entende, né? Estávamos bem de página, mas a da DM9
tinha que ter.)
Nunca tinha tomado uma canseira na DM9, mas naquele dia, e eu ainda
cliente, tomei uma brava, já era diretor e os contatos na recepção eram
atendidos pelos outros mídias antes de mim. Isso sempre foi vergonha naquela época.
Hoje, se chegar a uma agência dificilmente tem mais de um contato na recepção,
ou nenhum. Por quê? ...rsrsrsrs.
E aí chega o diretor de mídia, me leva para a sala de
reunião ainda ali na Cardoso de Almeida e meio respirando forte me diz uma
frase que nunca esqueci:
– Hélcio, você conhece o termo ‘infarto profissional’?
– Eu, não!
– Vou te explicar. Aqui na DM9, um dia o Nizan pode vir a te encher
tanto o saco que existe uma possibilidade de um infarto profissional.
Demos muitas risadas, contei para ele a pressão e ele chamou
outro mídia (que um dia tomou uma chacoalhada do Nizan na frente do Gilberto
Corazza em uma reunião na DM9. O Corazza chegou branco na Band com essa
história e acredito ser verdade, conheço bem o jeito baiano de fazer as coisas
funcionarem morei em Salvador nove anos). Eu dei muita chacoalhada em contato
na minha vida profissional. Mas como sou pequeno, não levantei ninguém um metro,
só fiz chorar. (Veneno... Lembre, é crônica, não maldade.)desculpem todos ...
O mídia me autorizou no outro dia a quarta capa de nossa
primeira edição com a Boehmia. Lindo, né? Ter amigos... rsrsrsrs. E um produto
bom é logico. E um desconto de pagina simples .Amigos são amigos negócios a
parte .
Ah, o infarto profissional! Achei aquilo o máximo, contei
pra muita gente durante uns quinze anos sobre aquelas frasezinhas do diretor de
mídia e pior o identificava .
Em 2005 mais ou menos marquei uma reunião com o diretor de
mídia que ainda estava na DM9 e falamos
de Salvador, do meu bar, da Bloomberg, da TV Salvador e quando chegamos à “América
Economia” lembrei do infarto
profissional. E ele me disse: “Hélcio, nem eu lembrava. Se me recordo,
só falei aquela frase para você, nunca pra mais ninguém.” Imagine, eu contei
pra todo mundo aquela criação única do mídia como se ele falasse pra todo
mundo.
Dei sorte, nunca ninguém contou ao Nizan minha trapalhada
com o mídia. Hoje, depois de anos, posso contar, já não trabalha lá naquele
prédio lindo da Brigadeiro.
E eu não corro o risco do Nizan me chacoalhar, virei também
baiano. Lícia Fabio também é minha mãe
de santo. (Recurso poético, se é que posso chamar assim.)
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