segunda-feira, 18 de junho de 2012

Infarto profissional




Era início de 1996 ou por aí e acabara de ser contratado pela Nambei chilena e pelo grupo Meio e Mensagem para lançar a revista “América Economia” no Brasil (dezessete anos depois fui sócio da revista por nove anos – outras histórias).Nambei e Grupo  M&M eram sócios.

O Sales Neto arrumou de nossa agência de publicidade ser a DM9 e achei bem legal ter uma porta escancarada lá com meu amigo Paulo Queiroz o diretor geral de mídia  – o Nizan era detalhe naquele momento. A pressão era forte , era minha primeira experiência Full América Latina e posso dizer de um profissional do mercado publicitário.

Lembro-me de que poucos tinham celular e em uma reunião de briefing na DM9, da qual até o Nizan participou, meu celular tocou umas dez vezes. Isso era fim de janeiro e lançaríamos a revista em português em março, e estávamos pertíssimos do fechamento. O Sales Neto, na décima ligação, me dá uma bronca e pede para não mais atender celular. Fiquei bravo, mas entendi e desliguei. Duvido hoje que ele desligue o dele em reunião, mas patrão é patrão e gosto dele, que sempre me tratou muito bem, salvo aquele dia.

A campanha da agência foi um show e o lançamento da revista outro show de publicidade. A primeira página havíamos vendido dia 22 de dezembro 95 (fui contratado dia 12 12 95) para a Amex e quem autorizou foi o Luiz Carlos Pereira –  pagou antecipadamente três paginas, lembro-me de que quando fechamos a primeira edição , na segunda já tínhamos o dobro de páginas.Isabel Amorin craquissima  linda e ainda falava inglês . espanhol e francês, e a Rosa Helena a Gaúcha  muito relacionamento nas agencias cada uma era de um jeito as duas muitos boas .

As coisas iam bem e eu tinha porta aberta na agência do Paulo, mas nunca exagerei, apesar da insistência dos chefes (Sabe, né? Veículo, quando tem agência grande, chega a encher o saco dos mídias. Quem é ou foi patrão com agência grande sabe disso... rsrsrsrs.)

O bom ali eram as informação de um mundo novo, falar com o escritório de Miami quase todo dia em portunhol, ou com o Chile . Viajar! Ah, viajar... Estava indo para o lançamento em Miami com o Nils Strandeberg, o Sales Neto e nosso editor. Na porta do hotel o Neto tira uma comigo: “Fique bem perto da gente para te apresentarmos umas pessoas”. Mas já na fila do check in apresentei dois mídias para meu grupo, um era o Otávio, que tinha sido da Grey Brasil e estava numa grande agência em Nova York, o outro não me lembro era uma mídia de Chicago . No final, os vendedores de “América Economia” em Miami ficaram no meu pé para conhecerem meus amigos lá... rsrsrsrs.

Quem fez a palestra de abertura foi o Nizan Guanaes – que arrasou – para uma bela plateia de umas quinhentas pessoas full também. Ficamos apenas dois dias lá, mas foi minha primeira experiência internacional.

Tudo isso foi no início de janeiro e já estávamos no fechamento da primeira edição e nada de uma página da DM9. Marquei uma reunião com o com um dos diretores de mídia da agencia para pedir penico, não pela grana, mas pela pressão. (Entende, né? Estávamos bem de página, mas a da DM9 tinha que ter.)

Nunca tinha tomado uma  canseira na DM9, mas naquele dia, e eu ainda cliente, tomei uma brava, já era diretor e os contatos na recepção eram atendidos pelos outros mídias antes de mim. Isso sempre foi vergonha naquela época. Hoje, se chegar a uma agência dificilmente tem mais de um contato na recepção, ou nenhum. Por quê? ...rsrsrsrs.

E aí chega o diretor de mídia, me leva para a sala de reunião ainda ali na Cardoso de Almeida e meio respirando forte me diz uma frase que nunca esqueci:

– Hélcio, você conhece o termo ‘infarto profissional’?

– Eu, não!

 – Vou te explicar.  Aqui na DM9, um dia o Nizan pode vir a te encher tanto o saco que existe uma possibilidade de um infarto profissional.

Demos muitas risadas, contei para ele a pressão e ele chamou outro mídia (que um dia tomou uma chacoalhada do Nizan na frente do Gilberto Corazza em uma reunião na DM9. O Corazza chegou branco na Band com essa história e acredito ser verdade, conheço bem o jeito baiano de fazer as coisas funcionarem morei em Salvador nove anos). Eu dei muita chacoalhada em contato na minha vida profissional. Mas como sou pequeno, não levantei ninguém um metro, só fiz chorar. (Veneno... Lembre, é crônica, não maldade.)desculpem todos ...

O mídia me autorizou no outro dia a quarta capa de nossa primeira edição com a Boehmia. Lindo, né? Ter amigos... rsrsrsrs. E um produto bom é logico. E um desconto de pagina simples .Amigos são amigos negócios a parte .

Ah, o infarto profissional! Achei aquilo o máximo, contei pra muita gente durante uns quinze anos sobre aquelas frasezinhas do diretor de mídia  e pior o identificava  .

Em 2005 mais ou menos marquei uma reunião com o diretor de mídia que ainda estava na  DM9 e falamos de Salvador, do meu bar, da Bloomberg, da TV Salvador e quando chegamos à “América Economia” lembrei do infarto  profissional. E ele me disse: “Hélcio, nem eu lembrava. Se me recordo, só falei aquela frase para você, nunca pra mais ninguém.” Imagine, eu contei pra todo mundo aquela criação única do mídia como se ele falasse pra todo mundo.

Dei sorte, nunca ninguém contou ao Nizan minha trapalhada com o mídia. Hoje, depois de anos, posso contar, já não trabalha lá naquele prédio lindo da Brigadeiro.

E eu não corro o risco do Nizan me chacoalhar, virei também baiano.  Lícia Fabio também é minha mãe de santo. (Recurso poético, se é que posso chamar assim.)

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